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Disputa pelo Urso de Ouro começa com novo formato

Quarta, 06 de fevereiro de 2002, 14h41

O Festival de Berlim, a Berlinale, inaugura nesta quarta sua 52ª edição, com a exposição de 23 filmes e com uma nova cara proposta pelo diretor Dieter Kosslick, que tem o desafio de retornar ao cinema de conteúdo sem renunciar ao espetáculo.

Heaven, do alemão Tom Tykwer, será o primeiro filme a ser exibido, expondo claramente um dos propósitos "confessos" de Kosslick: protagonizar a nova geração de talentos.

Os doze dias de duração da Berlinale brindarão a Ramón Salazar a oportunidade de debutar em uma vitrine internacional, com Piedras - única produção espanhola na competição- e ao australiano Ivan Sen, com Beneath Clouds.

Estarão concorrendo com grandes nomes, como Bertrand Tavernier e Costa Gavras, com cinema de alta voltagem política: o primeiro, com Laissez passez, um filme sobre resistência e colaboracionismo na França ocupada, e o segundo com Amen, sobre as relações entre a Igreja e o Terceiro Reich.

Também como cinema de conteúdo estão classificadas Bloody Sunday, de Paul Greengrass, sobre o brutal ataque britânico de 1972 à Irlanda do Norte, e Baader, de Christopher Roth, sobre o fundador da rede terrorista RAF, Andreas Baader.

Marc Foster apresentará Monster's Ball, um filme sobre um carrasco que se apaixona pela mulher de um de seus executados, tendo como cenário de fundo o racismo latente no sul dos EUA.

Kosslick parece decidido a romper com a tónica de seu antecessor, Moritz de Hadeln, que durante mais de duas décadas em que esteve no cargo direcionou seus esforços para levar ao gélido Berlim algo do "glamour" de seu rival, Cannes, geralmente com pouco sucesso.

A 52 Berlinale tem garantida sua porção de divindades, graças, em primeira linha, à François Ozon, que concentra em 8 femmes várias gerações de formosuras, como Catherine Deneuve, Fanny Ardant, Danielle Darrieux e Isabelle Huppert, às ordens de um musical só para mulheres com uma assassina incluída.

O sueco Lasse Hallstroem mostrará rostos "made in USA" em The shipping news, com Kevin Spacey, Julianne Moore e Judi Dench, quem além disso divide com Kate Winslet o papel protagonista de Íris, de Richard Eyre, sobre a escritora Íris Murdoch.

O restante das presenças americanas no festival corresponderá a The Royal Tennenbaums, de Wes Anderson, com Gene Hackman, Anjelica Huston e Ben Stiller, assim como Bridget, de Amos Kollek, com Anna Thomson, que apesar de se passar em Nova York leva selo franco-japonês.

O fato de haver só três produções americanas -as de Hallstroem, Anderson e Forster-, do total de 23 filmes em competição, parece pouco para livrar a Berlinale do título de provincianismo contra o qual lutou Hadeln.

Kosslick apostou claramente no europeu, sem temer ser tachado, inclusive, de doméstico devido à inusual inclusão de até quatro alemães atrás dos Ursos - Halbe Treppe e Der Felsen, além dos citados Heaven e Baader.

Mas o novo diretor tem expectativa garantida com A Beautiful Mind, de Ron Howard, que se passará pela Berlinale fora da competição, mas cuja projeção na capital alemã acontecerá poucos dias depois das designações ao Oscar.

Igualmente "glamourosa" apresenta-se a sessão de homenagem a Robert Altman, de quem projeta-se, fora de competição, Gosford Park, com Kristin Scott-Thomas e Emily Watson.

Altman será, junto com Claudia Cardinale, um dos homenageados deste 52 Festival de Berlim, que reserva um lugar emotivo para Zhang Yimou, que apresentará Happy Times - Xingfu Shiguang.

A estréia do espanhol Salazar devolverá à Berlinale a presença de Angela Molina - presidenta do jurado do festival em 1999 -, quem espera-se que venha acompanhada por algumas companheiras de filmagem, como Antonia San Juan e Najwa Nimri.

Piedras será custodiada por outras produções espanholas, fora de competição, nas seções Panorama e Fórum.

Aí estarão o documentário Los Niños de Rusia, de Jaime Camino; En la ciudad sin límites, de Antonio Hernández; a hispano-argentina Todas las azafatas van al cielo, de Daniel Burman, e a hispano-mexicana-alemã Francisca, de Eva López.

O diretor catalão, Ventura Pons, participa pelo quinto ano consecutivo, da seção Panorama do Festival de Berlim com Food of love, rodada em inglês e baseada em uma novela de David Leavitt.

Efe

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