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Schroeder pede "coragem artística" na abertura do Festival de Berlim

Quarta, 06 de fevereiro de 2002, 20h34

O chanceler alemão, Gerhard Schroeder, pediu hoje, quarta-feira, aos cineastas para mostrarem "coragem artística", durante a abertura do Festival de Cinema de Berlim, que, assegurou, agora está completamente livre das pressões políticas que pesaram durante a Guerra Fria.

"Nós não vemos um fantasma na liberdade do cinema", disse Schroeder em seu discurso de inauguração, acrescentando que "o Festival e o cinema em geral estão livres de intervenções da política".

Mas "isso nem sempre foi assim. No passado houve tentativas de pressionar politicamente o Festival de Berlim", explicou o chanceler, que lembrou que Ninotchka, um clássico dirigido por Ernest Lubitsch e com Greta Garbo como protagonista, nem sequer pôde ser mostrado em uma retrospectiva.

Na atual edição do Festival, que vai até o dia 17 de fevereiro, serão projetados cerca de 400 filmes, sendo que 23 irão competir na seção oficial, entre eles Piedras, o primeiro longametragem do espanhol Ramón Salazar.

A produção alemã-americana Heaven, do alemão Tom Tykwer e com a australiana Cate Blanchett como protagonista, foi a encarregada de abrir hoje o concurso.
Trata-se de um filme rodado na Itália, em inglês e italiano, que fala de uma mulher que comete um atentado com o propósito de matar um traficante de heroína, mas provoca a morte de quatro inocentes.

Na inauguração, tanto Schroeder como o prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, lembraram a recentemente falecida atriz e cantora alemã Hildegard Knef, considerada pelo chanceler como uma "das criaturas mais maravilhosas do mundo do cinema".

Wowereit, por outro lado, agradeceu à direção do Festival por ter organizado, no final, uma homenagem à atriz que definiu como "uma berlinense de corpo e alma".

Durante a cerimônia, várias personalidades do cinema brincaram sobre a necessidade de os atores fundarem um partido para evitar que os políticos tirem seu trabalho, tendo em vista que o prefeito berlinense se sai muito bem no mundo do espetáculo.

Schroeder fez uma piada ao afirmar que "já aconteceu uma ocasião em que houve a tentativa de trocar os papéis entre políticos e atores".

"Foi nos Estados Unidos", disse, em clara alusão ao ex-presidente Ronald Reagan, e fez um gesto que parecia dizer que o experimento não tinha sido bom.

O chanceler também ressaltou que o cinema "não é só uma fábrica de sonhos", mas pode ajudar na compreensão e no aumento da tolerância entre as pessoas.

Efe

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