Um filme fascinante e perturbador sobre a tragédia do Domingo Sangrento, quando soldados britânicos mataram 13 manifestantes de direitos civis na Irlanda do Norte em 1972, estreou no Festival de Cinema de Berlim na quinta-feira. O filme, produção britânico-irlandesa feita com câmera na mão, procura retratar em clima de documentário o acontecimento histórico do ponto de vista dos soldados britânicos e dos ativistas irlandeses.
"Queríamos contar a verdade, ser o mais autênticos possível, mas no espírito da reconciliação", disse o diretor britânico Paul Greengrass em entrevista à imprensa. "Este filme faz isso, e espero que desempenhe um papel, mesmo que pequeno, no processo de paz."
Treze pessoas desarmadas foram mortas e quatorze feridas em um tiroteio que durou cerca de 15 minutos. O massacre de Londonderry tornou-se motivo para uma guerra entre católicos e protestantes durante os trinta anos seguintes de conflitos na província sob o domínio britânico, deixando cerca de 3.600 mortos.
Bloody Sunday (Domingo Sangrento) é um dos 23 filmes em competição pelo Urso de Ouro no festival, considerado um dos maiores da Europa, depois de Cannes e Veneza.
O filme, que foi premiado no Festival de Sundance em janeiro, conta a história a partir de dois homens: um líder ativista protestante chamado Ivan Cooper e um rebelde católico de 17 anos.
Filmado sem luz adicional e com atores instruídos para criar os diálogos a fim de conseguir realismo, Bloody Sunday não tem trilha sonora nem o acabamento sofisticado das produções de Hollywood. O impacto, porém, é igual ou ainda maior.