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Público chinês recebe com frieza obra-prima de Zhang Zimou

Domingo, 10 de fevereiro de 2002, 16h45

O cineasta chinês Zhang Yimou sentiu o gosto do sucesso e da indiferença na estréia em Pequim de seu grande filme Happy Times, que emocionou o público estrangeiro, mas não despertou o entusiasmo de seus compatriotas.

Happy Times, que estes dias se apresenta fora de concurso na Berlinale, onde Zhang Yimou conseguiu o Urso de Ouro em 1987 com sua obra Sorgo Vermelho, passou esta semana, por assim dizer de uma estranha obra de arte, na sala pequinesa Cherry Lines, espécie de trincheira da resistência que se nega a aceitar a morte do bom cinema.

Com a singeleza de um professor e mago do cinema que não deixa de surpreender ao mundo, Zhang Yimou dá forma a uma obra monumental que, baseada na história de párias que não perderam o encantamento, vai criando uma tragicomédia na qual os pobres são os grandes ganhadores e perdedores.

Destaca neste filme de noventa minutos e que foi produzido em 2000, a excelente falta de meios e a ausência de grandes palcos e do colorido forte de outras obras-primas de Zhang Yimou, que teve durante muito tempo a Gongo Li como musa e companheira.

No entanto, Happy Times chega diretamente ao coração e à medula do público com uma série de imagens que se cravam como setas invisíveis no mais profundo do ser humano porque, fugindo de toda frivolidade, Zhang nos fala do amor, da solidariedade, da ilusão, da luta, vidas sem horizonte e da morte.

Os protagonistas da obra são um grupo de esfarrapados, a maioria voltado para sua idade ou desempregados, que organizam sua vida ao redor de uma enorme fábrica semi-destruída onde montam uma sala de massagens para que uma menina cega, cuja mãe a considera um estorvo, ganhe algumas moedas e se sinta útil.

A sala de massagem, montada num espaço quadrado cujas paredes se tiveram que cobrir para que a pequena não perceba a montagem quando as apalpe, em breve se transforma em um laboratório para penetrar no coração humano.

Os clientes, representados por atores pouco conhecidos como Zhao Benshan, Li Xuejian, Fu Biao, são os mesmos adultos que montaram a sala de massagens para a menina cega, que beira os quinze anos, e, embora a princípio a paguem com as poucos economias que têm, depois se vem obrigados a mentir para não matar a realidade.

Então lhes ocorre uma idéia genial: pagar com notas falsas, feitas de pedaços de papel, os serviços da pequena massagista, que finge não perceber a mentira para não machucar o coração de que deu trabalho.

A pequena massagista, interpretada pela magérrima Dong Jie, transborda fragilidade e ternura e, se alguma força brota em seu interior, é a de sua juventude com a qual de forma alguma intui que a seus amigos lhes resta, por questões de idade, poucos anos de vida.

Há outras histórias entrelaçadas da qual parte a narrativa. Como a lamentável casa da mãe da menina, gorda como uma baleia, que presta toda a atenção a seu filhinho, um menino de quase duzentos quilos que em uma cena arrebata da mão um sorvete a sua irmãzinha cega.

E muitas outras coisas, como um ônibus abandonado em um terreno baldio que duas párias querem transformar em um hotel. O pintam com tanta paixão de vermelho que acaba parecendo um bordel, o que choca com a moral dos modestos empresários.

Happy Times é a segunda tentativa de comédia que realiza Zhang Yimou (a primeira foi Keep Cool) e é também a melhor. Entre a excelente cinematografia de Zhang Yimou destacam obras como Sorgo Vermelho, A Lanterna Vermelha, Ju Dou, A história de Qiu Ju e Caminho para Casa, das que as três primeiras contaram como protagonista principal com a bela e enigmática Gongo Li.

Efe

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