Ranking
Canal DVD
Festivais
Chats
Newsletter
E-mail
Busca
 

Filme finlandês sobre o Brasil lota sessão em Berlim

Segunda, 11 de fevereiro de 2002, 17h58

O diretor Mika Kaurismaki apresentou no Festival de Berlim Moro no Brasil, um documentário sobre o universo musical brasileiro - muito além do samba - de seu "país adotivo", com a perspectiva de um "exótico" vindo do outro lado do mundo, a Finlândia.

Os sons do maracatu, frevo, forró e embolada percorreram o Festival pelas mãos do "irmão mais velho" de Aki Kaurismaki, com quem, além do parentesco e da produtora, comparte a simpatia pelos circuitos alternativos de Berlim.

O documentário de Mika foi exibido na seção Panorama Documentos, paralela ao Festival, o que não impediu que os ingressos se esgotassem como se fosse uma estréia em competição, e que parte do público tivesse que assistir ao filme nos corredores da sala.

Os berlinenses estavam ansiosos por assistir como se movimenta alguém surgido do gelo no ritmo cálido do Brasil, e comprovar se o finlandês consegue evitar a mera repetição do esquema de Wim Wenders em Buena Vista Social Club. "Eu pretendo retratar um país em sua totalidade", explicou Kaurismaki.

O filme do finlandês é, efetivamente, muito mais ambicioso. Moro no Brasil é o resultado de um percurso de 4.000 quilômetros pelo país, atrás dessa música que abraça ritmos africanos, indígenas e europeus. Seus protagonistas ocasionais são músicos como Walter Alfaite, Margareth Menezes, Ivo Meirelles, Jackson do Pandeiro ou a Velha Guarda da Mangueira, além de crianças curiosas pela câmara ou fabricantes de instrumentos artesanais dos mercados de rua.

Nem samba nem bossa-nova, muito menos carnaval: para Kaurismaki não interessam os clichês brasileiros, mas as raízes e o mosaico cultural que flui por um país de uma riqueza multiétnica tão oposta à realidade finlandesa.

Moro no Brasil começa com uma imagem da glacial Finlândia, sob o implacável frio do mês de dezembro, como referência a esse "visitante chegado do frio", que depois cede espaço aos personagens que conhece no outro extremo do mundo.

O diretor vive há dez anos no Rio de Janeiro, onde tem uma casa de shows, mas isso não quer dizer que não continue sendo um elemento "exótico" neste país que o adotou. "Somos dois mundos extremos", reconhece Mika Kaurismaki, falando da realidade natal à qual, por enquanto, deixou estacionada, e ao Brasil que percorreu com sua câmara durante um tórrido verão.

O documentário do finlandês foi recebido em sua apresentação, na noite de domingo, com muita simpatia pelo público berlinense, que há anos havia dado a categoria de "grande acontecimento secreto" a seu documentário Tigrero, a film that was never made, sobre as andanças de Sam Fuller e Jim Jarmusch.

Os que esperavam de Moro no Brasil uma sucessão de ruas do Rio no meio do chuvoso carnaval berlinense ficaram decepcionados: isso é, exatamente, o que menos interessa a Mika mostrar. Os que se sentiram enjoados com os movimentos circulares da câmara de Wenders em Buena Vista Social Club encontraram no esquema neutro de Kaurismaki o bálsamo adequado.

Efe

mais notícias

 
 » Conheça o Terra em outros países Resolução mínima de 800x600 © Copyright 2002,Terra Networks, S.A Proibida sua reprodução total ou parcial
  Anuncie  | Assine | Central do Assinante | Clube Terra | Fale com o Terra | Aviso Legal | Política de Privacidade