A primogênita de Charlie Chaplin, Geraldine, disse na sexta-feira que o filme de seu pai O Grande Ditador, uma sátira do fascismo que encerrará o Festival de Cinema de Berlim no domingo, é tão relevante hoje quanto foi na estréia, em 1940. "Este filme é tão bom agora e tão significativo quando era há 62 anos", disse a atriz de 57 anos, em entrevista na Berlinale para promover seu novo filme, uma co-produção da Espanha e da Argentina, En la ciudad sin limites.
A exibição da versão restaurada de O Grande Ditador, que usou os negativos originais e tem trilha sonora remasterizada digitalmente, encerrará o Festival de Berlim.
As filmagens começaram dias depois que a Segunda Guerra Mundial explodiu, em 1939. Chaplin interpreta o ditador Adenoid Hynkel, uma paródia de Hitler, e seu sósia, um barbeiro judeu. Um caso de identidade trocada permite que o barbeiro tome o lugar de Hynkel em uma festa-comício, onde ele faz um impressionante discurso pela paz e tolerância.
Geraldine Chaplin disse que o discurso poderia ter sido escrito hoje, e ele a fez lembrar do presidente norte-americano, George W. Bush.
"Ouçam e pensem em Bush e no mundo em que vivemos", disse ela à Reuters. "Poderia ser hoje... A única coisa do discurso que não se parece com hoje é o otimismo."
Embora o discurso seja frequentemente criticado por sua ingenuidade e por ficar deslocado no clássico em preto e branco, o filme foi escolhido para fechar o evento justamente por causa desse texto.
"É realmente um ótimo discurso pela paz no mundo", disse o diretor da Berlinale, Dieter Kosslick. "Nosso tema é 'aceite a diversidade', e teremos a paz apenas quando as pessoas aceitarem culturas e religiões diferentes."