O diretor japonês Hayao Miyazaki disse nesta terça-feira estar feliz por seu filme Spirited Away ter se tornado o primeiro filme de animação a ganhar o prêmio máximo do Festival de Cinema de Berlim, mas que é pessimista quanto ao futuro da animação no Japão.A história sobre as aventuras de uma garota numa terra de deuses e goblins, cujo título original, em japonês, é Sen to Chihiro no Kamikakushi, recebeu o Urso de Ouro no domingo.
Spirited Away detém o recorde histórico de bilheteria de qualquer filme japonês, tendo arrecadado 221,6 milhões de dólares até agora.
A heroína da história é Chihiro, de 10 anos, cuja família topa com um balneário de águas quentes frequentado pelos 8 milhões de deuses japoneses, que assumem diversas formas, entre elas humana, de peixes e de rãs.
Os deuses não gostam do cheiro de humanos, e a bruxa que cuida do balneário transforma os pais de Chihiro em porcos. A garota é obrigada a trabalhar como atendente nos banhos para evitar que a mesma coisa lhe aconteça, mas, com a ajuda de um menino misterioso, consegue escapar.
Motivo de constrangimento, não de orgulho
Apesar do sucesso de seu filme, Miyazaki disse enxergar o futuro da animação japonesa com pessimismo e que a publicidade proporcionada pelo prêmio pode causar mais constrangimento do que orgulho ao Japão.
"Acho que a animação japonesa está num beco sem saída", explicou, dizendo concordar com a opinião expressa por um diretor 20 anos mais jovem, que descreveu a si mesmo e a seus pares como "geração de imitadores".
"Não entendo porque há tantos filmes que contêm tanta violência e tanto sexo", disse Miyazaki.
Ele disse que vê com sentimentos mistos o grau de popularidade alcançado no Japão por seus filmes e pelos filmes de animação de modo geral, dizendo que eles podem estar tirando das crianças o tempo necessário para viver a vida.
Passar quatro ou cinco horas por dia assistindo a filmes de animação não cria nada, ele acrescentou, dizendo: "Esse é um verdadeiro dilema para mim".