"Todo o mundo diz que é uma loucura, uma coisa frenética", disse o cineasta norte-americano em entrevista ao The Daily Telegraph, publicada nesta terça-feira.

"Mas vou passar por tudo isso nos próximos dias, com minha família, porque os franceses têm sido muito simpáticos comigo. Eles foram os primeiros na Europa a realmente gostar de meus filmes e já me convidaram várias vezes a Cannes, só que eu nunca fui antes", declarou.

O trabalho mais recente de Allen, Hollywood Ending, vai abrir o festival, que acontecerá entre 15 e 26 de maio, transformando a cidade da Riviera francesa no centro mundial do cinema durante duas semanas repletas de agitação.

"Tive muita sorte na vida", comentou. "Ninguém me diz como fazer meus filmes, ninguém relê meus roteiros ou aprova o elenco que escolho. Não trabalho demais. Não sou perfeccionista. O cinema não é minha prioridade número um", confessa.

Em seu novo trabalho, ele faz o papel de um diretor de cinema neurótico, temporariamente cegado pelo estresse e que se vê tendo uma última chance de fazer um filme de sucesso.

É a produção mais recente de uma carreira que foi marcada por sucessos como Tudo Que Você Já Quis Saber Sobre Sexo Mas Tinha Medo de Perguntar, de 1972, Noivo Neurótico, Noiva Nervosa, de 1977, Hannah e Suas Irmãs, de 1986, e Desconstruindo Harry, de 1997.

Embora muitos de seus filmes incluam farpas lançadas contra a indústria cinematográfica de Hollywood, Woody Allen - cujo nome real é Allen Stewart Konigsberg - diz que, na realidade, gosta muito da cidade, embora fique feliz em não viver nela.

Mas seu sucesso fora de Hollywood é inegável. Astros e estrelas fazem filas para atuar em seus filmes, embora os salários que ele pague sejam insignificantes pelos padrões e seus métodos sejam excêntricos: ele não gosta de ensaios e raramente mostra o roteiro inteiro aos atores.