Sob um sol forte, cinéfilos de várias nacionalidades lotaram a praia de Cannes na terça-feira, um dia antes do início da 55ª edição anual do mais famoso festival de cinema do mundo. À espera de astros de Hollywood como Cameron Diaz, Leonardo DiCaprio e Jack Nicholson, fãs de lugares tão distantes quanto Japão e Austrália percorriam a Croisette, famosa avenida à beira-mar.
"Se eu conseguir ver Cameron Diaz de perto, já terá valido a pena", disse o australiano Mark, 24 anos, que, com um grupo de amigos, está em Cannes pelo segundo ano consecutivo.
Entretanto, apesar de todo brilho e glamour, os pontos mais importantes no festival são, de fato, os filmes.
Para todos os gostos
Neste ano, o evento promete aos espectadores um misto eclético de Hollywood, Bollywood, cinema de arte, asiático, Oriente Médio e Grã-Bretanha.
A abertura oficial vai acontecer na noite de quarta-feira, com a exibição de Hollywood Ending, do diretor Woody Allen, que está em Cannes pela primeira vez.
A produção trata de um cineasta neurótico cuja ex-mulher lhe oferece uma chance de fazer um filme que lhe possibilitará dar a volta por cima de seus fracassos.
Hollywood Ending será exibido fora da competição. Já diretores veteranos no festival, como os britânicos Mike Leigh e Ken Loach, o português Manoel de Oliveira e o israelense Amos Gitai, estão entre os que vão concorrer pela cobiçada Palma de Ouro.
Polêmica
Gitai, cujo filme Éden foi bem recebido no festival de Veneza, no ano passado, volta à tona com Kedma, uma história sobre a chegada dos primeiros judeus europeus à Palestina, poucos dias antes da criação do Estado de Israel, em 1948.
Num momento de forte tensão no Oriente Médio, o diretor palestino Elia Suleiman também está competindo com Yadon Ilaheyya, sobre um caso de amor entre um homem e uma mulher separados por barreiras israelenses.
Um trabalho ansiosamente aguardado é Spider, do diretor canadense David Cronenberg, com Ralph Fiennes no papel de um esquizofrênico atormentado por memórias de sua infância.
Cronenberg, que já foi presidente do júri do festival, chocou e ultrajou os cinéfilos em 1996 com seu filme Crash, Estranhos Prazeres.
Outra produção que certamente irá suscitar polêmica é Irreversible, do diretor argentino Gaspar Noe, estrelado pela beldade italiana Monica Bellucci e seu marido, Vincent Cassell, e que inclui uma violenta e já notória cena de estupro que dura nove minutos.