O cineasta norte-americano Woody Allen rejeitou na quarta-feira o boicote ao Festival de Cannes convocado por judeus dos Estados Unidos, afirmando que esse era o tipo de protesto usado por nazistas contra judeus antes da Segunda Guerra Mundial. Allen, que vai a Cannes abrir o festival com o filme Hollywood Ending ainda na quarta-feira, afirmou à rádio RTL não achar a França intolerante pelo fato de o extremista de direita Jean-Marie Le Pen ter disputado o segundo turno das eleições presidenciais neste mês.
O presidente francês, Jacques Chirac, venceu o extremista com facilidade no dia 5 de maio, com 82 por cento dos votos. Mas o fato de um populista xenófobo ter chegado à rodada final das eleições alimentou preocupações na comunidade internacional de que o país estivesse se tornando racista e anti-semita.
A ala do Sudoeste do Pacífico do Congresso Judaico Americano, citando o sucesso de Le Pen e vários ataques anti-semitas ocorridos recentemente na França, pediu na semana passada pelo boicote ao Festival de Cannes.
A série de agressões anti-semitas na França, que abriga a maior comunidade judaica da Europa, aconteceu depois do recrudescimento da violência em Israel e nos territórios palestinos.
"Acho que qualquer boicote é errado", afirmou Allen, que é judeu. "Os boicotes são exatamente o que os alemães fizeram contra os judeus".
Descartando que a votação em Le Pen fosse uma razão para protestar contra a França, o diretor de cinema afirmou: "Le Pen não chegou perto do poder. A França reagiu sem ambiguidade".
"Todos podem se orgulhar a respeito de como a França mostrou seu apego à democracia. Eles (os franceses) mostraram-se, decididamente, contrários a ele (Le Pen)".
Gilles Jacob, diretor do festival, disse não esperar que a convocação do boicote afastasse qualquer estrela norte-americana do evento.
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