Cannes, que tem uma paixão por trabalhos excêntricos e bizarros, está especialmente feliz em dar as boas-vindas a dois cineastas que são velhos favoritos do festival: Mike Leigh e Ken Loach, que, como os franceses, se esforçam para combater a hegemonia cultural de Hollywood.

Leigh ganhou a Palma de Ouro em 1996 com Segredos e Mentiras. Este ano, ele concorre novamente ao prêmio com All or Nothing, sobre uma família que enfrenta a doença do filho enquanto vive num conjunto habitacional deprimente.

Os críticos que já puderam assistir à produção estão saudando o ator Timothy Spall, dizendo que ele fez a maior atuação de sua vida.

Leigh sempre foi fã do Festival de Cannes porque o evento ajuda a diminuir o domínio de Hollywood, cuja indústria de entretenimento produz filmes que são ansiosamente devorados por platéias de todo o mundo.

"Cannes é o maior festival do mundo, e o fantástico é que é totalmente liberado de Hollywood", disse o cineasta na edição desta quarta-feira da revista Hollywood Reporter. "Está além do alcance da máquina imperialista. Ela não o pode dominar ou controlar. Isso nivela o campo para o cinema mundial."

Sua opinião é endossada por Ken Loach, que participa pela oitava vez da competição principal. Este ano, ele chega com Sweet Sixteen, sobre um garoto que tenta comprar um trailer para quando sua mãe sair da cadeia.

No ano passado, Loach criticou seus colegas conterrâneos dizendo, em coletiva de imprensa concedida numa exibição especial de seu clássico de 1969 Kes, "acho que é hora de os diretores britânicos pararem de se deixar colonizar de maneira tão implacável pelas idéias americanas".

O terceiro cineasta britânico a competir em Cannes, este ano, é Michael Winterbottom, com 24 Hour Party People.