O diretor Michael Moore falou, nesta quinta-feira, que espera fazer um alerta com seu documentário provocante sobre as raízes da violência com armas de fogo. Inspirado no massacre da escola de segundo grau Columbine, em Littleton, Colorado, em 1999, Bowling for Columbine é o primeiro documentário a ser exibido na competição do Festival de Cinema de Cannes em 46 anos.
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"Talvez o filme sirva como algum tipo de aviso ao resto do mundo: 'não queremos nos tornar como a América'", disse aos jornalistas o diretor, nascido no Michigan.
Quando Moore, apresentador de programas cult da televisão norte-americana, volta seu humor cáustico para a cultura das armas, o resultado é alternadamente absurdo e assustador.
O filme começa com uma sequência em que Moore está abrindo uma conta num banco e, como presente de boas-vindas ao novo cliente, lhe oferece um fuzil.
As imagens subsequentes, porém, são quase insuportáveis de se assistir. Elas incluem cenas até agora inéditas gravadas pelas câmeras de vigilância que registraram os adolescentes Eric Harris e Dylan Klebold em seu avanço sangrento pela escola Columbine.
Os dois estudantes mataram 12 colegas e um professor, antes de cometer suicídio.
"Ainda fico engasgado em determinados momentos do filme, porque sinto o desespero", disse Moore.
O documentário sombrio reflete um lado mais adulto e sério do diretor, conhecido principalmente por suas investidas humorísticas contra as grandes empresas, políticos de direita e a injustiça social.
Sua notoriedade cresceu com o recente sucesso estrondoso de seu livro Stupid White Men, uma crítica contundente ao presidente George W. Bush, com muito humor esculachado.
Vestindo roupas folgadas e um boné de beisebol que são sua marca registrada, ele disse, referindo-se às pessoas que o vêem como nada mais do que um palhaço: "O intelectual arrogante sempre quer desprezar o humor. Mas posso me comunicar com mais pessoas através do humor do que fazendo sermões a elas".