O diretor italiano Marco Bellocchio, cuja produção L'Ora di Religione (A Hora da Religião, em português) trata do catolicismo fervoroso, defendeu-o contra as críticas de autoridades religiosas, na sexta-feira, dizendo que a popularidade fala por si.Veja também:
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"O filme tem sido bem recebido, o que me leva a crer que levanta questões que significam alguma coisa para quem vai assistir a ele", disse Bellocchio a jornalistas reunidos numa coletiva de imprensa em Cannes.
"Ele fala de autoridade, da família e da igreja, mas não acho que possa ser visto como rebelde ou anti-religioso", disse o diretor de 62 anos, católico de criação.
Um dos 22 filmes que concorrem à Palma de Ouro no Festival de Cannes, L'Ora di Religione é a história de um artista ateu cuja família tenta fazê-lo aderir a uma campanha pela beatificação de sua mãe, que morreu assassinada.
A história trata de algumas das obsessões eternas de Bellocchio, incluindo a hipocrisia religiosa e o egoísmo da sociedade burguesa italiana, e foi fortemente criticada por bispos católicos, que pediram que fosse proibido por conter blasfêmias.
A hipótese de sua proibição não chegou a ser cogitada, mas o filme foi liberado com censura 14 anos na Itália. Apesar disso, virou sucesso de público e de crítica no país, onde estreou alguns dias antes do início do Festival de Cannes deste ano.
Bellocchio já é velho conhecido em Cannes, onde participou em 1996 e 1999 com, respectivamente, The Prince of Homborg e A Ama de Leite, nenhum dos quais, porém, fez grande sucesso.
Mas parece que a situação vai mudar este ano com L'Ora di Religione, que impressionou os críticos com sua sutileza intelectual, tanto que alguns chegaram a comparar o diretor ao grande Federico Fellini.
Outro a angariar elogios está sendo o ator Sergio Castellitto, que faz o papel do artista Ernesto no filme, e vem suscitando comparações a Marcello Mastroianni.