Ranking
Festivais
Canal DVD
Fox Film
Chats
Newsletter
E-mail
Busca
 

Cidade de Deus leva choque de realidade ao glamour de Cannes

Sábado, 18 de maio de 2002, 15h57

Veja também:
» Cobertura completa do Festival de Cannes
» Fotos

Os jovens atores Hayden Christensen e Jonathan Haagensen estão em Cannes esta semana para promover seus filmes. Christensen, 21, aparece em out-doors como o astro do multimilionário épico Guerra nas Estrelas -- Episódio II: O Ataque dos Clones.

Haagensen, 19, acaba de chegar do Rio de Janeiro, onde atuou em Cidade de Deus, uma saga brutal sobre a vida das favelas. "Para mim, este lugar é um parque temático", disse Haagensen no sábado.

Enquanto Christensen, ator desde criança, salta de entrevista a entrevista, Haagensen observa perplexo o tititi do mais famoso festival de cinema do mundo. "É um mundo diferente do mundo em que vivo. Aqui, estou só vivendo um sonho. Vou acordar em minha casa", disse ele a jornalistas.

A história de um jovem, que vive em uma favela carioca, escapa da violência e se torna fotógrafo, Cidade de Deus está bem longe das festas, coquetéis e iates do balneário na Riviera Francesa. O diretor Fernando Meirelles disse que nada o impediria de entrar no mundo do narcotráfico, assassinatos de crianças e policiais corruptos do livro de Paulo Lins, no qual o filme é baseado.

"Nos 45 anos em que vivi lá, não sabia que era esse o jeito que as coisas ocorriam nas favelas", disse o cineasta de classe média em entrevista à imprensa. "Fiquei tão chocado que decidi realizar o projeto."

Quadrilhas do narcotráfico

O filme aborda o nascimento dos grandes cartéis dos anos 1960 aos anos 1980, através da história de personagens cujas vidas se intersectam na favela Cidade de Deus, na narrativa do tímido Buscapé.

Para tornar seus diálogos autênticos, Meirelles fez testes com 2.000 candidatos nas favelas do Rio, selecionando 200 para participar de oficinas de atuação durante seis meses antes das filmagens.

As imagens são precisas e estonteantes. Refletem o passado de Meirelles, que foi diretor de publicidade, e confirmam o renascimento do cinema brasileiro.

O filme, exibido hour-concours, foi produzido por Walter Salles (Central do Brasil), que faz parte do júri de Cannes este ano. Meirelles disse que a intenção não foi a de glamurizar a violência, mas de refletir sobre o desperdício de vidas nas favelas onde muitos garotos não conseguem ultrapassar a adolescência.

"No ano passado no Brasil 17 mil meninos de 12 a 20 anos foram mortos à bala", disse ele. "Há uma guerra lá. Não é que não ligamos, mas não sabemos o que fazer."

O filme foi adquirido para distribuição pela Miramax, de Hollywood. Se tudo der certo, pode ser que Haagensen e Christensen se encontrem de novo na cerimônia do Oscar no ano que vem.

Reuters

mais notícias


 
 » Conheça o Terra em outros países Resolução mínima de 800x600 © Copyright 2002,Terra Networks, S.A Proibida sua reprodução total ou parcial
  Anuncie  | Assine | Central do Assinante | Clube Terra | Fale com o Terra | Aviso Legal | Política de Privacidade