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Cannes assiste a uma história de amor à moda palestina

Segunda, 20 de maio de 2002, 16h14

O excêntrico diretor palestino Elia Suleiman, cujo filme Yadon Ilaheyya (Intervenção Divina, em português) vem agradando aos críticos reunidos em Cannes, expressou, na segunda-feira, um desejo alarmante: acabar com o Estado de Israel.

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Mas o intelectual espirituoso, que descreve seus trabalhos como metade comédia, metade fantasia, não estava tentando estimular o conflito no Oriente Médio. Na verdade, ele tampouco quer um Estado palestino.

"Meu sonho seria que Israel deixasse de existir como Estado israelense, tornando-se um Estado para todas as pessoas", disse ele em coletiva de imprensa iniciada logo depois dos fortes aplausos com que seu filme foi saudado.

O desejo do cineasta explica, em parte, a trama de Yadon Ilaheyya, que conta a história do palestino E.S. - interpretado pelo próprio Suleiman - e sua luta para lidar com o pai, doente, e sua bela namorada, de quem é constantemente separado por barreiras policiais israelenses.

Brincando com as situações absurdas que fazem parte do cotidiano palestino e das fantasias de um mundo melhor, o longa-metragem oferece uma pequena visão cômica da vida num tenso caldeirão borbulhante de conflitos e divisões.

As filmagens foram realizadas no meio da violência recente da região, o que dificultou muito. "Cada vez que queríamos filmar, a batalha chegava até onde estávamos", contou o diretor.

Dois diretores em lados opostos, mas amigos
O conflito árabe-israelense ganhou destaque em Cannes neste ano. O diretor israelense Amos Gitai apresentou seu trabalho mais recente, Kedma, na noite de abertura do festival.

Gitai e Suleiman são amigos e já trabalharam juntos num documentário sobre o processo de paz, mas seus estilos não poderiam ser mais diferentes.

Em Kedma, que conta a história de um grupo de judeus europeus que chegam à Palestina alguns dias antes da criação do Estado de Israel, em 1948, Gitai inclui poesia árabe, textos bíblicos e longos discursos declarativos.

É um estilo que contrasta fortemente com a abordagem mais cômica, fantástica e desconexa de Elias Suleiman.

Reuters

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