Para o vilão de James Bond, Robert Carlyle, quanto menor, melhor. Ele fica todo feliz atuando como um escroque simpático em uma comédia britânica. "Quanto maior o orçamento do filme, menos tem a dizer", disse o carismático ator escocês, que entrou para o panteão dos cruéis vilões de Hollywood quando atuou no sucesso 007 - O Mundo Não É o Bastante.
Sua carreira de fato decolou quando ele liderou um bando de "strippers" amadores em Ou Tudo Ou Nada, um filme barato que acabou se tornando um dos maiores sucessos mundiais da história do cinema britânico.
"Só acho, pessoalmente, mais fácil trabalhar no mundo dos baixos orçamentos", disse ele à Reuters Television em Cannes, onde está promovendo o elogiado Once Upon A Time In The Midlands no mais famoso festival de cinema do mundo. O filme conta a história de dois homens lutando pelo amor da mesma mulher.
Carlyle fica menos à vontade com a produção multimilionária. "As pessoas não vão ver filmes de grande orçamento pela história. Vão pelos efeitos, as explosões e coisas do gênero. Isso é ótimo e é diversão. As pessoas que gostam disso estão dispostas a pagar por isso", disse ele.
Carlyle, que ganhou reconhecimento na Grã-Bretanha com sua interpretação de um sociopata escrachado em Trainspotting, prefere produções discretas.
"Acho que posso desenvolver mais o personagem e posso atuar em um nível melhor", disse ele. O ator é claramente um perfeccionista que não se incomoda em repetir cenas à exaustão até que fiquem como ele quer. Dono de sua própria companhia teatral na Grã-Bretanha, recebeu prêmios por seus papéis na televisão, e diz que existe uma grande diferença entre um filme de 007 e um do diretor britânico Ken Loach, com que já trabalhou duas vezes.
"É simples, com o número de tomadas em um filme caro. Com explosões na cena, a gente só faz uma tomada, porque eles não vão construir aquilo tudo de novo. Em um filme de Ken Loach, podemos chegar a 20 tomadas e passar um dia inteiro em uma cena."
Carlyle disse que tem muito orgulho de seu trabalho em Once Upon A Time In The Midlands, e é todo elogios para a direção de Shane Meadows.
"Esta foi a primeira vez que fiz um personagem com três dimensões de verdade."