O intenso drama Sweet Sixteen, do diretor britânico Ken Loach, teve dois méritos: arrancar elogios da crítica especializada em Cannes e revelar um excelente jovem ator. Porém, o escocês de 18 anos não está lá muito interessado em ser um astro de cinema - ele quer mais é jogar bola. Em seu primeiro trabalho no cinema, Martin Compston deixou os críticos do festival maravilhados com sua interpretação de um traficante que luta por uma vida melhor em uma região industrial localizada na periferia de Glasgow, Escócia.
O jovem foi escolhido entre milhares de candidatos ao papel. Ele conta que participou dos testes "só pela curtição", mas agora seu nome é um dos mais cotados para o prêmio de melhor ator no mais famoso festival de cinema do mundo.
"Não tenho nenhuma chance", disse ele modestamente à Reuters, na quarta-feira, em um forte sotaque escocês. "Há alguns grandes atores profissionais concorrendo nos filmes aqui. Eu só quero saber de futebol".
Compston joga para o Greenock Morton, um pequeno time das últimas divisões da liga escocesa, e lá recebe um salário de 65 libras (100 dólares) por semana como jogador aprendiz.
Em vez de gostar das comparações com os compatriotas famosos Ewan McGregor e Robert Carlyle, ele prefere discutir as atribulações e dificuldades de batalhar por uma promoção no time.
"Gostei de fazer o filme, mas não fui convidado a trabalhar em outros. O futebol sempre foi minha paixão real e é de onde vem minha renda", disse ele.
Seus colegas do set de filmagens insistem para que Compston se torne um ator profissional, mas ele não quer pensar no assunto, mesmo diante de toda atenção recebida pelo filme de Loach em Cannes.
"É incrível, todos esses flashes espocando na cara", disse o novato sobre a experiência de desfilar no tapete vermelho para a exibição de Sweet Sixteen no festival.
"É uma experiência única na vida - como marcar o gol na Copa do Mundo".
Loach diz que prefere não interferir na decisão de Compston: "Não é sempre fácil trabalhar como ator, é dureza", disse o diretor.
O jovem, no entanto, parece adaptado à parte mais glamurosa da profissão.
"Esse lugar não existe. Fomos a uma boate ontem à noite, e lá estava o príncipe Albert de Mônaco", disse ele com os olhos arregalados. "Cara, ele estava acompanhado de um bocado de garotas lindas".