Os filmes latino-americanos continuam recebendo aplausos e elogios da crítica no Festival de Cannes, e muitos se perguntam por que nenhum representante da região foi incluído na seleção em competição.Veja também:
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Cidade de Deus, de Fernando Meirelles, e Madame Satã, de Karim Ainouz, representantes de um cinema brasileiro classificado de "temivelmente eficaz" pelo jornal Liberation, tiveram a presença em Cannes comemorada pela revista especializada Le Film Francaise.
Ao comentar Cidade de Deus e sua força narrativa "sem afetações e sem cair na tentação da argumentação terceiro-mundista", o jornal Nice-Matin publicou: "O cinema latino-americano está se libertando do domínio cultural americano e encontrando sua voz, e sobre esta corrente cinematográfica latino-americana, esta Boa Onda, como começa a ser chamada, voltaremos a falar, sem dúvida, no próximo festival".
No caso dos filmes brasileiros, particularmente Cidade de Deus, sua ausência da seleção em competição pode ser explicada pelo fato de o cineasta Walter Salles ser seu produtor. O autor de Central do Brasil faz parte do júri deste 55º Festival de Cannes e o princípio de imparcialidade exclui a possibilidade de estar em competição um filme produzido por um membro do júri.
A crítica também não poupou elogios ao filme mexicano Japón, de Carlos Reygadas, em que vários críticos perceberam um cineasta de criatividade extraordinária, tendo reprovado apenas a longa duração da película. "Japón, obra orgulhosa e surpreendente, é um desses filmes que dão a impressão de terem descoberto uma jazida de petróleo estética", publicou o Liberation, enquanto a revista de cinema Zurban o classificou de "belo e enigmático, apesar da duração cansativa".
A Le Film Francaise assinala que, "paradoxalmente, a crise econômica, social e política que afeta a Argentina coincide com um período particularmente produtivo do cinema nacional", representado em Cannes por El Bonaerense, de Pablo Trapero, e Un Oso Rojo, de Adrián Caetano.
O filme de Trapero "deslumbra por seu domínio do espaço, dos atores, do relato, da textura da imagem, da trilha sonora, dos recursos do cinema: uma perfeição quase espantosa", publicou o Liberation. Já a obra de Caetano teve sua estréia mundial esta quinta-feira, em Cannes, e os críticos ainda não se pronunciaram. O autor de Pizza, Birra e Faso e Bolivia voltou a apresentar uma obra forte e comovente, em que os personagens são marcados pela violência social".
Madame Satã, Japón e o filme cubano Nada +, de Juan Carlos Cremata Malberti, disputam a Câmera de Ouro, que premia uma obra-prima de qualquer uma das seleções do Festival.