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Polanski conta parte de sua história em O Pianista

Sexta, 24 de maio de 2002, 12h41

Filme conta parte de sua própria
história como judeu polonês
Os esperados The Pianist de Roman Polanski e Irreversible do franco-argentino Gaspar Noé, que se anunciava motivo de escândalo, ambos disputando a Palma de Ouro no Festival de Cannes, apresentam duas concepções opostas de cinema.

O Pianista é baseado na biografia de Wladyslaw Szpilman, músico polonês sobrevivente do gueto de Varsóvia e cuja família foi exterminada pelos nazistas no campo de concentração de Treblinka. Szpilman, que morreu em 2000, aos 80 anos de idade, é interpretado pelo americano Adrien Brody (Pão e Rosas, Linha Vermelha).

Roman Polanski é judeu polonês. Desde criança viveu num gueto na Cracóvia. A história que conta através do filme é também uma parte de sua própria história, a de todos os judeus da Polônia.

"Provavelmente é meu filme mais pessoal, porque pude utilizar meus próprios recursos", declarou o cineasta ao apresentar a obra em Cannes. Escolheu o livro de Szpilman assim que o leu. A história do músico, "apesar do horror, é positiva e portadora de esperança", disse.

Talvez seja assim porque ele fala também de si mesmo e a narração é contida, sóbria, cheia de pudor. The Pianista é, sem dúvida, a obra mais convencional de Polanski do ponto de vista formal. Tem narração linear de uma história pessoal, com fundo histórico, contado quase friamente. Entretanto, alguns momentos do filme parecem tocado por graça. A música é um instante de bálsamo em meio a enorme sofrimento, mostrando que apesar de tudo é possível continuar confiando na humanidade.

Nele se reconhece a maestria do autor de Repulsão, O Bebê de Rosemary e Chinatown. E a sobriedade com que Polanski conta o verdadeiro horror faz com que a violência sem conteúdo de Gaspar Noé pareça ainda mais gratuita.

Irreversible é a história de uma vingança contada a partir de seu desenlace. O diretor franco-argentino filma as primeiras seqüências como um clipe, com movimento de câmera frenético até a exaustão, para passar depois a cenas de grande imobilidade.

Os diálogos são medíocres (o diretor e os atores contaram em coletiva de imprensa que nada estava escrito e que foram improvisados) e até as cenas de violência, apesar da crueza provocam mais cansaço que horror.

E o filme que prometeu indignação e escândalos produziu um efeito muito diferente: um grande aborrecimento. Gaspar Noé defendeu as cenas de violência contidas no filme, afirmando que "a realidade é muito violenta" e que as coisas que se vê nos noticiários são piores.

Ele negou que quisesse suscitar escândalo e afirmou se tratar de "um escândalo protocolar", criado para que o Festival de Cannes chame a atenção da imprensa em meio às eleições francesas e ao Mundial de Futebol.

O filme será projetado oficialmente depois da meia-noite de sexta-feira, mas na sessão de ontem, o esperado escândalo não aconteceu. Não houve reações inflamadas nesta primeira projeção, as vaias foram maiores que os aplausos e vários espectadores abandonaram a sala antes que terminasse.

A impressão geral é que houve "mais ruído que nozes", inclusive para quem gostou do filme. "Para mim, o resultado foi muito interessante, mas me parece que se equivocaram na campanha de divulgação", disse um jornalista da projeção.

Irreversible, um dos quatro filmes que representam o cinema francês na competição, foi alvo de um campanha que alimentou boatos de impacto, com declarações à imprensa bem dosadas e de projeções "secretas" para um número reduzido de críticos, mas das quais todo mundo falava.

Reuters

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