As coisas têm acontecido muito rápido nos últimos dias na vida do curta-metragista carioca Eduardo Valente. Aos 26 anos, ele acaba de vencer o troféu de melhor curta da Cinéfondation, seção do Festival de Cannes dedicada aos filmes universitários de conclusão de curso, como foi o caso de seu trabalho, Um Sol Alaranjado, produzido pela Universidade Federal Fluminense.Veja também:
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O turbilhão dos últimos dias incluiu a emoção de debater sobre seu filme num jantar com o presidente do júri da Cinéfondation, o diretor Martin Scorsese, e o cineasta iraniano Abbas Kiarostami, membro do mesmo júri: "só isso já foi um prêmio", afirmou.
No meio da agitação, Valente acabou perdendo o seu passaporte, o que significou a permanência de um dia a mais em Paris, para onde viajou ainda no sábado (25). No domingo conseguiu resolver o problema do passaporte e embarcou para o Brasil.
Tanto o prêmio da Cinéfondation quanto seu encaminhamento rumo a uma carreira de diretor de cinema constituíram surpresas. "O prêmio era a última de minhas preocupações", disse à Reuters.
Ele conhecia bem os trabalhos exibidos pela Cinéfondation, porque um programa no Rio, o Curta Cinema RJ, os têm exibido regularmente. Por isso, atendeu ao convite do festival já esperando ter concorrentes sérios.
"Foi uma boa experiência, porque os filmes eram ótimos e pude conhecer muita gente da minha idade, com idéias parecidas sobre cinema", avaliou.
"Agora vou repensar minha vida"
Quanto a ser diretor de cinema, ele não tinha tanta certeza antes do prêmio. "Estes caminhos na vida da gente são muito misteriosos. Na verdade, a minha formação sempre foi mais voltada para a crítica e para os festivais", destacou.
Valente é editor do site Contracampo e coordenador do Festival Brasileiro de Cinema Universitário e da seção Première Brasil do Festival Rio BR. O prêmio da Cinéfondation mudou tudo: "Agora, vou repensar minha vida a partir do que aconteceu aqui em Cannes."
Seus próximos planos incluem candidatar-se ao programa de residência patrocinado pelo Cinéfondation, que inclui uma estadia de seis meses na França e o contato com produtores e técnicos de toda a Europa.
Valente acha que seria importante ter essa experiência antes de desenvolver o projeto de um longa-metragem - que, pelo fato de ter vencido no Cinéfondation, já tem lugar garantido numa futura edição da seção Un Certain Regard.
Neste momento, ele não tem ainda nenhum projeto de longa esboçado e acredita que não ficará pronto antes de dois anos. Voltando ao Brasil, vai montar o seu segundo curta-metragem, chamado Castanho, inspirado numa crônica de Mário Prata.
Sobre o filme premiado, ele nem sabe dizer quanto custou. "Foi um projeto inteiramente bancado pela UFF, que deu os negativos, equipamentos, laboratório e finalização", explicou.