Se O Hijo de La Novia é o mais forte concorrente ao Kikito de produções latinas, na competição brasileira é o mineiro Uma Onda no Ar, de Helvécio Ratton e exibido em Gramado na noite de quarta-feira, que detém as maiores chances de se consagrar vencedor. » Saiba mais sobre o Festival
Depois de Cidade de Deus e Madame Satã, temáticas que giram em torno das favelas parecem ser a bola da vez.
Ratton se inspira na Rádio Favela, idealizada há 20 anos por Misael Avelino dos Santos no Aglomerado da Serra, em Belo Horizonte, e que até 2000, quando recebeu concessão para funcionar como rádio educativa, enfrentou a perseguição policial.
O filme apresenta uma opção estética interessante que abdica de qualquer estilização para focar-se efetivamente no enredo e nos personagens.
Num tom bastante didático, Uma Onda no Ar se vale de personagens com convicções muito definidas. Jorge (Alexandre Moreno) se junta aos amigos Zaquiel (Adolfo Moura), Brau (Benjamim Abras) e Roque (Babu Santana) para criar um programa exibido durante A Voz do Brasil.
O projeto, entretanto, esbarra na falta de dinheiro e o grupo se desdobra para consegui-lo. Jorge, bolsista de um colégio particular onde a mãe é faxineira, lava carros, e Zequiel é técnico em eletrônica, enquanto Brau é artista e Roque acaba entrando para o tráfico de drogas.
Quando conseguem colocar no ar a Rádio Favela que, rapidamente, cai nas graças tanto dos favelados como de outros setores da cidade, os amigos passam a lidar com os policiais que não toleram as mensagens conscientizadoras.
Jorge, então, é preso e recebe o apoio de uma jornalista, de um advogado e de todos os moradores da região que não concebem a idéia de ficar sem "a verdadeira voz do Brasil".