Música tradicional mexicana, revolucionários socialistas e o tumultuado caso de amor dos artistas Frida Kahlo e Diego Rivera invadiram Veneza na quinta-feira, na abertura do mais antigo festival de cinema do mundo. » Confira o especial
Frida, de Julie Taymor e estrelado pela atriz mexicana Salma Hayek, teve sua estréia mundial no Palazzo del Cinema, abrindo o festival de 11 dias ao som de aplausos entusiasmados que já o apontam como forte candidato ao cobiçado Leão de Ouro, o prêmio máximo do evento.
Hayek teve o que afirma ser o papel de sua vida, encarnando a polêmica pintora cujo casamento com o mundialmente renomado muralista Diego Rivera e seu caso com Leon Trotsky hipnotizaram o politizado mundo artístico dos anos 1930 e 1940.
Cartazes mostrando Frida Kahlo, com as sobrancelhas grossas e as blusas indígenas bordadas à mão que eram sua marca registrada, estão por toda parte no Lido de Veneza, repleto de cinéfilos e turistas ansiosos por verem os astros e as produções.
Frida é um entre 21 longas-metragens a participar da competição principal, que inclui obras de Hollywood tais como A Estrada da Perdição, de Sam Mendes, e favoritos de festivais como Dolls, de Takeshi Kitano. O nome do vencedor será anunciado em 8 de setembro.
Moritz de Hadeln, o novo diretor do evento - depois de passar 22 anos à frente do Festival de Cinema de Berlim - prometeu trazer o glamour de volta a Veneza, que, recentemente, vinha dando destaque principalmente a filmes de arte.
Um pouco do glamour já poderá ser sentido na noite desta quinta-feira, quando a primeira leva de astros e estrelas descer o tapete vermelho para participar da inauguração oficial.
TEQUILA E BRIGAS
Antes disso, porém, o centro das atenções foi ocupado pela polêmica vida de Frida Kahlo.
A produção da Miramax - que, além de Selma Hayek, traz Alfred Molina como Diego Rivera, Geoffrey Rush no papel de Trotsky e Antonio Banderas como o pintor David Alfaro Siqueiros - começa com o trágico acidente de bonde que deixou Kahlo marcada por toda sua vida, mas também inspirou sua carreira artística.
O filme descreve a tumultuosa relação vitalícia que ela teve com Rivera, num mundo em que os artistas mexicanos tomavam tequila diretamente da garrafa e pintavam odes ao comunismo em gigantescos murais que duram até hoje.
Hayek não foi a única atriz interessada em retratar a complexa artista na telona. Jennifer Lopez e Madonna também esperavam poder fazer um trabalho sobre Kahlo.
Na sexta-feira, Tom Hanks e Paul Newman vão dominar as telas de Veneza em Estrada da Perdição e a diva mais querida da Itália, Sofia Loren, dará o ar de sua graça em Between Strangers, dirigida por seu filho Edoardo Ponti.