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Frida, com Salma Hayek, comove o Festival de Veneza

Quinta, 29 de agosto de 2002, 18h19

Cena de "Frida", de Julie Taymor (Divulgação)
A atormentada história de amor, dor, arte e política da pintora revolucionária mexicana Frida Kahlo, interpretada pela atriz mexicana Salma Hayek, comoveu o público do Festival de Veneza, cuja 59ª edição foi inaugurada esta quinta-feira com a presença de estrelas do cinema mundial.

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O filme, dirigido pela americana Julie Taymor e aplaudido ao término da primeira exibição ante os críticos cinematográficos, retrata com um olhar benévolo e colorido a vida de uma artista nascida em 1907 e que sofreu a dor física, como poucas, mas cuja natureza transgressora a converteu, eum século depois, em um mito para a América Latina.

A complexa relação com o célebre muralista Diego Rivera (Alfred Molina), vinte anos mais velho e com quem se casou duas vezes, e tema obcessivo de suas telas surrealistas é o fio condutor do filme.

O filme fala ainda da doença que marcou sua vida, uma poliomielite adquirida na infância e as conseqüências de um grave acidente de ônibus nos anos 20, em que quebrou a coluna vertebral.

Obrigada a passar longos períodos de sua vida na cama, entre coletes ortopédicos, agulhas e bisturis, a Frida de Salma Hayek aparece não apenas encantadora, elegante e original, como também uma provocativa, apegada a seu país e livre de qualquer preconceito.

"Era como um ídolo azteca", descreveu o escritor mexicano Carlos Fuentes, enquanto que o poeta francês André Breton, que organizou sua primeira exposição em Paris, a definiu como "uma bomba envolta em uma fita".

A cruel vida da pintora, que morreu aos 47 anos pelas complicações de saúde, depois da amputação de uma das pernas, é narrada de forma detalhada em duas horas, salpicada de música mexicana.

Bissexual, bebedora e festeira, entre suas amizades figuravam personalidades da época, como o muralista David Siqueiros (Antonio Banderas), outro grande pintor mexicano, o dirigente revolucionário russo exilado Leon Trotsky (Geoffrey Rush), de quem foi amante, e a fotógrafa italiana Tina Modotti (Ashley Judd).

Frida Kahlo também foi a primeira mulher latino-americana que expôs no Louvre de Paris, em 1939, convertendo-se assim em um símbolo, apesar de, em seu leito de morte, ter deixado uma inquietante nota: "basta, espero não regressar".

"Um filme belo e poético, magnificamente interpretado por Salma Hayek", comentou o crítico cinematográfico da Rai (Rádio e televisão italiana).

"Ela era uma apaixonada pela vida. Sua historia de amor com Diego Rivera foi grande, mas antes de tudo é uma história de amor pela vida", declarou Hayek ao apresentar o filme.

AFP

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