Harrison Ford defendeu no domingo seu polêmico retrato de um capitão russo de submarino em K-19: The Widowmaker, um filme fortemente criticado pela tripulação original da verdadeira história que inspirou o longa-metragem. » Veja a cobertura completa do Festival de Veneza
Segundo os créditos, K-19 se passa a bordo de um submarino nuclear soviético que quase derreteu em 1961. Para evitar um desastre nuclear, o capitão e a tripulação correm contra o relógio para reparar um reator.
Ford faz o papel do capitão Alexei Vostrikov - nome fictício -, um militar sem coração na chefia do K-19 em sua viagem para levar a cabo um importante teste com mísseis.
Mas integrantes da tripulação original disseram que o retrato do capitão é "ridículo e absurdo".
K-19 foi exibido no 59º Festival de Cinema de Veneza, embora não faça parte da competição. A diretora, Kathryn Bigelow, Ford e o ator irlandês Liam Neeson compareceram ao evento para promover o filme.
"Quando começamos a rodar o longa, houve algumas perguntas entre a tripulação sobre nossas motivações e nós nos encontramos com vários dos sobreviventes e... revelamos nossa intenção de reconhecer o sacrifício que aqueles homens fizeram", disse Ford numa coletiva de imprensa.
No entanto, sete membros da tripulação do submarino, muitos dos quais têm sido contra o filme desde que viram o primeiro rascunho do roteiro, enviaram uma carta aberta a Veneza.
"Estamos surpresos e tristes que o Festival de Cinema de Veneza escolheu dar a K-19: The Widowmaker sua premiére européia", afirmaram os tripulantes na carta enviada aos produtores do filme e ao elenco, assim como aos organizadores do festival.
"É dolorosamente imaginável para nós que este filme... será considerado uma referência sobre a qual a nova geração de espectadores, incluindo nossas próprias crianças, irão formar idéias sobre nós e sobre nossos camaradas".
As cenas mostrando a tripulação como bêbados incompetentes foram deixadas de fora do roteiro final. Bigelow disse que nem todos os sobreviventes reclamaram do script.
"Eu passei bastante tempo entre 1995 e 2000 encontrando os sobreviventes enquanto fazia o roteiro. Em muitos dos meus encontros eu me vi sendo abraçada por eles, que diziam com lágrimas nos olhos que eu devia contar sua história", comentou a diretora.
Neeson disse que tinha escutado apenas relatos positivos dos sobreviventes, mas afirmou que a intenção nunca foi fazer um documentário. "Teve que existir alguma licença dramática", afirmou.
Apensar da polêmica, K-19 não vem sendo um sucesso de bilheteria, ao contrário de outros filmes de Ford, como Guerra nas Estrelas e Indiana Jones.
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