Enquanto a polêmica Yoko Ono, viúva do beatle John Lennon, apresenta em Veneza uma provocadora instalação artística, o filme Ken Park, do americano Larry Clark, escandaliza os espectadores do festival com cenas de sexo e violência. » Confira cobertura completa do Festival de Veneza
Não é a primeira vez que Clark, cineasta independente americano, causa polêmica com um filme. Ano passado, não faltaram reações no Lido após a exibição de Bully, e em 1995, no festival de Cannes, foi Kids que causou polêmica.
"Esta é a realidade. Sempre lamentei o fato de que nos filmes, no momento em que ocorrem os principais fatos, a câmera se distancia. Não se esconde nada dos jovens de hoje, vêem pornografia, a publicidade está repleta de nus. Considero-me um cineasta contemporâneo", declarou.
As orgias entre adolescentes, suas masturbações excessivas, mostradas em detalhes através do esperma que escorre das mãos, o sexo, os homicídios gratuitos e os atos incestuosos, explicitamente ilustrados, são modos de narrar a vida de adolescentes californianos de classe média.
"Acho que o filme terá problemas com a censura devido às cenas explícitas, ao realismo e à honestidade emotiva e sem compromissos. De qualquer forma, não deixarei que cortem nenhuma cena", advertiu o diretor.
Acusado de ser um "voyeur" com uma câmera de cinema, Clark diz que o contexto da sexualidade é o que mais lhe interessa: "Como se vê no filme, o sexo pode causar muitos danos, mas também pode ser libertador", sustenta o cineasta, que trabalhou com o diretor de fotografia Ed Lachmann.
O quarto filme de Clark, realizado com dinheiro europeu e exibido na nova seleção Contra Corrente, foi aplaudido, mas recebido com indiferença por alguns críticos. "Em cada edição do festival, fala-se de um filme que escandaliza. Clark chegou e cumpriu isso", escreveu a crítica do jornal La Repubblica, Natalia Aspesi. "Duvido que essas imagens contribuam para a compreensão da sociedade americana", opinou o colega do Corriere della Sera.
Paralelamente, apresentou-se esta quarta-feira no Lido veneziano a artista de origem japonesa Yoko Ono, cuja obra Ex-it, formada por 100 caixões de madeira, dos quais surge uma oliveira, foi exposta na ilha. "É uma homenagem à paz, à vida, ao renascer", explicou a viúva de Lennon, que participa da exposição coletiva junto com 43 artistas mulheres de todo o mundo.
O trabalho de Ono faz, de certa forma, uma referência aos milhares de mortos nos atentados de 11 de setembro. A dor dos americanos será lembrada na próxima sexta-feira, com a estréia mundial do filme 11'09''01-September 11, realizado por 11 cineastas de diferentes continentes. "Um convite à pausa e à reflexão sobre o que aconteceu", dizem os autores, entre eles o mexicano Alejandro González Iñárritu, o francês Claude Lelouch, o inglês Ken Loach e o americano Sean Penn.