Um grupo de defensores dos Direitos Humanos interveio este sábado no Festival de Cinema de Veneza, para denunciar as condições em que o líder do Sendero Luminoso, Abimael Guzman, está preso, depois da exibição do filme do ator e diretor John Malkovich, inspirado na prisão deste famoso guerrilheiro peruano. » Confira cobertura completa do Festival de Veneza
Os ativistas exibiram um enorme cartaz em que se lia: "Defender a vida do presidente Gonzalo", em frente à sala de entrevistas do Lido, poucos minutos depois de o ator americano, candidato a dois Oscar, ter exibido seu primeiro filme como diretor. A obra, baseada no romance de Nicholas Shakespeare, narra, em estilo elegante e lento, a história de um policial (o ator espanhol Javier Bardem) que tem que prender o líder extremista, com a dúvida de estar fazendo a coisa certa. O filme, que não faz uma referência explícita ao Peru, foi rodado em Espanha, Equador e Portugal, e é falado em inglês.
"Decidi realizar o longa porque estava no Peru quando prenderam o líder do Sendero Luminoso", contou Malkovich, que evita abordar a questão política e narra uma história de amor impossível entre uma ativista da organização e um policial honesto. "Não é um filme que fala de terrorismo", sustentou Malkovitch, que o apresentou fora de competição e não percebeu o protesto.
Os ativistas italianos do Comitê Internacional para Salvar a Vida do Presidente Gonzalo não se pronunciaram sobre o filme. Disseram apenas que foi uma oportunidade de denunciar as condições de prisão enfrentadas há 10 anos pelo líder maoísta. "Abimael Guzmán, desde setembro de 1992, está em uma prisão completamente isolado, sem assistência legal ou médica, sem que alguém jamais o tenha visto. Pedimos que uma delegação internacional de defesa dos Direitos Humanos possa vê-lo, queremos saber se ele está vivo", declarou à AFP um dos ativistas.