"É sobre um universo alternativo. Dá para ver que vida desesperada essa gente vive", disse o cineasta de 61 anos em entrevista no sábado, um dia depois da estréia de seu novo filme no Lido de Veneza.

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Dirty Pretty Things é um dos 21 longas que concorrem ao Leão de Ouro no 59º Festival de Cinema de Veneza. O prêmio será entregue no domingo, e o filme de Frears é considerado um dos favoritos.

A história diz respeito a um imigrante ilegal nigeriano que trabalha como porteiro noturno e dá de cara com provas de um assassinato bizarro ligado a uma quadrilha de tráfico de órgãos. Com a ajuda de uma camareira turca, interpretada pela francesa Audrey Tautou (de Amélie), ele tenta resolver o crime.

O filme retrata a vida miserável de alguns imigrantes de Londres e as coisas a que eles se submetem para serem aceitos na sociedade.

"A Grã-Bretanha não foi sempre assim e as pessoas têm problemas em aceitar", disse Frears, em uma das suítes do hotel de luxo Des Bain, em Veneza.

DESEPERADOS
O filme é baseado em um romance de Stephen Knight. O escritor disse em entrevista em Veneza que a obra é ficcional, mas os personagens são baseados em pessoas reais e o tráfico de órgãos "é uma realidade".

Dirty Pretty Things tem como protagonista Chiwetel Ejiofor (Okwe), e o ator espanhol Sergio Lopez como gerente do hotel em que Okwe trabalha de porteiro.

Frears disse que decidiu fazer o filme para mostrar que "a Inglaterra é um país muito dividido e não há conexões de verdade entre as duas metades de Londres".

O filme foi filmado em cenários noturnos, em quartos de hotel imundos e minúsculos, enfatizando o fato de que "as coisas que nem nos damos conta, como ar fresco, espaço e amor, são luxos" para essas pessoas.