O diretor russo Aleksandr Sokúrov, um dos convidados da 26a Mostra BR de Cinema, ampliou os limites com Arca Russa, o primeiro longa-metragem internacional filmado numa única tomada. O filme estréia no festival nesta sexta-feira. Centenas de figurantes passaram meses ensaiando para a produção inovadora, que aconteceu em uma tarde e conduz o espectador para uma viagem histórica pelo famoso museu Hermitage, em São Petersburgo.
Sokúrov disse que a idéia por trás do filme, que também foi destaque no Festival de Cannes deste ano, era rodar a narrativa de uma só vez, sem manipular o tempo real.
Alfred Hitchcock criou a ilusão de uma filmagem em tempo real com Festim Diabólico, de 1948, mas, na realidade, o trabalho de 80 minutos foi feito de oito sequências de 10 minutos unidas de maneira altamente engenhosa.
"Trabalhar em tempo real gera a sensação de estarmos tocando algo divino", disse Sokúrov em entrevista em Cannes. Mas ele não acha que tenha feito história no cinema.
Para o cineasta alemão Tilman Buettner, o maior desafio em realizar a produção foi físico.
Buettner treinou durante meses para a filmagem - ocorrida em 23 de dezembro de 2001. Ele percorreu 1,3 quilômetro de corredores com uma câmera amarrada ao corpo, sabendo que um único erro jogaria por terra o projeto inteiro.
A câmera vai passando de sala em sala, enquanto um narrador apresenta uma sucessão de painéis suntuosos com personalidades históricas como Catarina, a Grande. A produção dá ênfase também aos visitantes do museu.
Arca Russa faz parte da retrospectiva da 26ª Mostra BR dedicada a Sokúrov.
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