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Mostra SP: Gerry não redime Van Sant de cinema comercial

Sexta, 18 de outubro de 2002, 09h56

Depois da refilmagem de Psicose e do teor altamente comercial de seus últimos trabalhos, o diretor Gus Van Sant parece estar tentando se purificar em Gerry, que estréia nesta sexta-feira na 26a Mostra BR de Cinema, em São Paulo. Porém, o cineasta parece estar mais perdido do que os personagens desta fraca obra.

Criado em sua maior parte por Van Sant em parceria com os atores Casey Affleck e Matt Damon, em ensaios e durante as próprias filmagens, o filme visualmente rico, mas carente de diálogos, traz diversas influências, algumas delas óbvias - Michelângelo Antonioni e Samuel Beckett -, e outras mais obscuras como o diretor húngaro Bela Tarr.

Infelizmente, Van Sant não aproveita essas influências em seu benefício e, ao mesmo tempo, priva o filme de seus próprios pontos fortes, como as caracterizações interessantes, as observações inesperadas sobre relacionamentos e a delineação de caminhos de vida distintos.

Depois de dirigir em silêncio por cinco minutos pelo deserto, dois jovens, ambos chamados Gerry, saem do carro e começam a caminhar por uma trilha no meio do nada, avançando vagamente em direção à "coisa".

A majestade excepcional da paisagem (o filme foi rodado na Patagônia argentina, no Vale da Morte e na região de Salt Lake), os sons tristes de violino e piano ao fundo e os ruídos naturais de vento e animais encorajam uma postura contemplativa que um público generoso pode se dispor a assumir por algum tempo.

Após uma primeira noite a céu aberto, os dois rapazes, que não levaram mochilas ou equipamentos de qualquer espécie, nem mesmo água, representam uma sequência claramente inspirada em Beckett, na qual Affleck se vê sobre uma pedra de 7 metros de altura sem alternativa para descer a não ser saltar.

A ansiedade se arrasta por uns bons 10 minutos e, embora o resultado não seja exatamente satisfatório, dá mostras de um instinto razoável de humor teatral absurdo que se torna inteiramente ausente a partir desse momento.

Mas se Van Sant estivesse interessado no potencial cômico da sequência, ele teria escolhido atores com personalidades anárquicas. O que ele visa, no entanto, é um alvo existencial maior, como fica claro após a segunda noite ao léu no deserto.

Os caras estão perdidos, suas tentativas de voltar atrás são vãs, eles estão ficando fracos e a tendência a sofrer alucinações aumenta. E cada passo que dão parece levá-los para uma paisagem ainda mais árida.

X medida que os dois Gerrys vão perdendo suas forças, o mesmo acontece com o filme que, diferentemente dos melhores trabalhos de Antonioni, não consegue preencher seus grandes espaços com significados alegóricos ou metafísicos.

O caráter impiedoso da natureza fica evidente, e podemos arriscar interpretações quanto ao significado da incapacidade dos homens de encontrar seu caminho, mas sem chegar a qualquer final edificante.

Para ver os outros horários de exibição deste filme, vá ao site da Mostra: https://www.mostra.org

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Reuters

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