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O veterano roteirista e diretor Mike Leigh mais uma vez faz o que já vem fazendo bem há anos: mapear as vicissitudes de vizinhos num conjunto habitacional de Londres ao longo de um fim de semana prolongado.

A história começa como um filme de grande elenco e rapidamente adquire as dimensões de mosaico.

Phil Bassett (Timothy Spall), ostentando um ar de quem está eternamente por baixo, sobrevive com dificuldade como motorista de minitáxi, enquanto sua mulher, Penny (Lesley Manville), trabalha durante horas e horas por dia como caixa de um supermercado.

Seus filhos de 20 e poucos anos, Rachel (Alison Garland) e Rory (James Corden), ambos obesos como seu pai, reagem de maneiras diferentes à sua situação: Rachel se isola em seu trabalho de faxineira num asilo para idosos, enquanto Rory maltrata adolescentes menores e passa horas diante da TV em sua casa.

Outros moradores do conjunto são Ron, taxista colega de Phil; a esposa dele, a eternamente embriagada Carol, e a filha do casal, Samantha, sempre com uma resposta para tudo na ponta da língua.

Maureen (Ruth Sheen) é a única pessoa de meia idade no filme que ainda parece conservar algum otimismo. Sua filha Donna (Helen Coker) é uma garçonete que sofre com a baixa auto-estima e aceita ser terrivelmente maltratada por seu namorado fanfarrão, Jason (Daniel Mays).

Fica clara a habilidade que possui Leigh de escrever e desenvolver personagens desse tipo com os atores, sem falar em retratar, através dos detalhes de seu cotidiano, a distância mínima que separa seus personagens da catástrofe total.

A mediocridade de sua vida é opressora; a maioria dos mais velhos aceita sua sorte de cabeça baixa, sem expressar o que é óbvio e apenas afogando suas decepções no álcool.