O cinema brasileiro é destaque na programação de sábado da 26ª Mostra BR de Cinema com Eclipse, do austríaco Herbert Brdl (co-produção com a Alemanha), e Separações, de Domingos Oliveira. » Saiba tudo sobre a 26ª Mostra
O diretor austríaco Herbert Brdl é um apaixonado pelo Brasil, que conheceu pela primeira vez em 1976 durante uma viagem que realizou à Amazônia.
Depois dessa primeira viagem, Brdl voltou várias vezes ao país para fazer filmes que não foram exibidos comercialmente aqui e, por isso, sequer têm títulos oficiais em português.
Mas em seu novo trabalho, Eclipse, filmado com elenco brasileiro profissional e em que despontam nomes como Matheus Nachtergaele, Bety Gofman, Paulo Vespúcio e a cantora-atriz Cida Moreira, pode estar a chance de as platéias brasileiras finalmente descubrirem o trabalho deste sincero admirador do Brasil.
E o melhor de tudo é que a paixão, que Brdl revela até no modo de apresentar as paisagens do rio Negro e arredores, não dá oportunidade, em nenhum momento, a qualquer traço de exotismo. O cineasta ama o Brasil como um "conoisseur", unindo intimidade e consistência numa história bastante original.
Fiel àquele que tem sido o tema primordial de sua obra, Brdl, que assina também o roteiro, arma o drama a partir do assassinato da escritora Pia (Bety Gofman), que vive com o marido pintor, Gil (Matheus Nachtergaele), na cidadezinha de Barcelos, no coração da Amazônia.
Ali eles estão em contato direto com as estrelas, que tanto fascinam Pia, fotógrafa contumaz daqueles céus cristalinos. Essas fotos são retrabalhadas em pinturas por Gil, numa correspondência que é bruscamente interrompida com a morte da mulher numa noite de eclipse lunar.
A alta ciência entra como pano de fundo da história, com referências ao astrônomo inglês Arthur Eddington, desconhecido autor de uma descoberta que tornou possível a comprovação da Teoria da Relatividade por Albert Einstein.
Porém, nunca esse detalhe cria complicações demasiadas, porque sabiamente o roteirista-diretor encontra jeitos de relacioná-lo naturalmente a todo aquele mundo primitivo que circunda os protagonistas - dois seres com profissões e gostos sofisticados, cujo trabalho se alimenta da simplicidade e da natureza bruta ao seu redor.
Apesar de ser um local bastante isolado e pequeno, onde a cidade tem apenas uma rua principal e o celular não funciona, as filmagens transcorreram sem incidentes.
A GUERRA CONJUGAL
O fim de um relacionamento é com certeza o grande pesadelo na vida dos casais. O dramaturgo e cineasta Domingos de Oliveira conhece bem suas causas e as enumera na crônica cotidiana Separações, uma ótima comédia com tom carioca sobre conflitos existencias.
Filmado digitalmente, o filme é inspirado na peça homônima de Oliveira e não esconde seu lado confessional e autobiográfico.
A obra é mesmo uma extensão de Amores que também tem roteiro co-assinado por Priscilla Rozenbaum, atriz e mulher do cineasta. Como Amores, Separações compartilha o otimismo e os costumeiros trocadilhos que tornam suas obras peculiares.
Cabral (Oliveira) é um diretor teatral casado com a atriz Glorinha (Rozenbaum), 25 anos mais nova. Depois de frenéticas discussões, o casal resolve dar uma pausa na relação e, nesse meio-tempo, Glorinha se apaixona pelo arquiteto Diogo.
O filme, então, se divide em quatro partes: negação, negociação, revolta e aceitação. Nesse ponto, torna-se universal, admite as limitações de seus personagens e, a partir deles, cria excelentes discussões sobre a natureza humana.
Para saber os horários de exibição destes filmes, vá ao site da Mostra: https://www.mostra.org
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