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Clint Eastwood volta a combater o crime mais uma vez com um material de teor rudimentar, mas que lhe permite levar adiante sua análise, feita ao longo de diversos filmes, sobre as dificuldades e o humor do processo de envelhecimento de um herói de ação.

O astro de 72 anos, estrela do filme do começo ao fim, faz a história um pouco improvável ser bem mais convincente do que seria sem ele.

Em praticamente todos os filmes que fez desde Na Linha de Fogo, Eastwood, longe de ignorar o fato de que está envelhecendo, como Woody Allen, vem incorporando algum comentário sobre o assunto em suas caracterizações.

Entretanto, devido ao benefício evidente de se encontrar em ótima forma física, ele continua conseguindo convencer em formatos de ação com apenas algumas modificações menores para dar conta da maturidade de seus personagens.

Cada vez mais, a abordagem vem dando certo, principalmente quando acompanhada de doses generosas de humor feito às suas próprias custas, como aconteceu em seu último filme, Cowboys do Espaço, por sinal responsável pela maior bilheteria da história de Clint Eastwood.

Em Dívida de Sangue a questão da idade vem à tona já na primeira cena, quando o veterano agente do FBI Terry McCaleb (Eastwood) persegue um suspeito de assassinato por várias quadras, à noite, antes de sofrer um ataque cardíaco provocado pelo esforço.

Dois anos e um transplante cardíaco mais tarde, Terry, já aposentado, está obedecendo às recomendações de sua cardiologista (Anjelica Huston), vivendo tranquilamente em seu barco na marina de Long Beach.

Mas é chamado de volta ao trabalho policial pela visita da latina Graciela Rivers (Wanda de Jesus), que vem lhe dizer que ele está vivo porque recebeu o coração de sua irmã Glória, que morreu assassinada.

Com esse incentivo, somado ao fato de simpatizar tremendamente com Raymond (Mason Lucero), o filho de 10 anos de Glória agora criado por Graciela, Terry volta às ruas para tentar resolver o mistério da morte de sua doadora.

Ele topa com a resistência de policiais locais que não querem ajudá-lo por temer que seus próprios erros venham à tona, descobre que sua antiga colega no FBI Jaye Winston (Tina Lifford) ainda guarda memórias românticas dele e por esse motivo lhe repassa informações confidenciais, e é repudiado por sua médica quando ignora abertamente as recomendações dela.

Apesar da escassez de pistas, o velho e astuto agente chega à verdade através de uma sequência de deduções envolvendo tipos sanguíneos raros, doações de órgãos, pistas físicas e motivações pessoais malucas. Ele identifica o culpado, o que o leva ao confronto final, que acontece à noite, a bordo de um velho barco pesqueiro.

Ao mesmo tempo em que reproduz o diálogo do roteiro prolixo de Brian Helgeland, baseado no romance de 1988 de Michael Connelly, Eastwood incorpora em sua caracterização um toque de humor bem-vindo e momentos de sensualidade discreta, manifestada na atração evidente existente entre Terry e Jaye e também naquela que vai surgindo entre ele e Graciela.

Para ver os horários de exibição deste filme, acesse o site da Mostra: https://www.mostra.org