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Mostra SP: Kedma fala de história, mas sem contexto

Terça, 22 de outubro de 2002, 10h29

Em Kedma, destaque desta terça-feira na 26a Mostra BR de Cinema, o diretor israelense Amos Gitai parte de um material histórico - a chegada à Palestina de um grupo de refugiados judeus poucos dias antes da criação do Estado de Israel - para montar uma obra infelizmente bastante enfadonha.

» Saiba tudo sobre a 26ª Mostra

Não são dadas informações sobre o contexto histórico dos fatos, os personagens são muito arquetípicos e a direção explicitamente "artística" acaba atrapalhando a narrativa.

Vindo de um diretor que fez carreira com documentários e longas-metragens sobre injustiças sociais, Kedma é cuidadosamente equilibrado para conter exageros.

Na realidade, o filme dá a impressão de ter sido feito desde a perspectiva de alguém de fora, muito mais do que de um cineasta profundamente engajado.

São poucos os momentos em que o trabalho ganha vida dramática e, quando isso acontece, é em discursos teatrais que surge essa força temporária.

Em nenhuma hora o espectador é informado sobre o tempo e o lugar em que a história se passa, nem sobre o contexto político e histórico.

Mas, segundo materiais distribuídos à imprensa, o filme começa em 7 de maio de 1948 a bordo de um velho navio de carga, o Kedma, que está ao largo da costa da Palestina.

Com uma única tomada de 7 minutos, o público é apresentado a vários dos refugiados judeus que lotam a embarcação, no convés e no porão, incluindo o polonês Janusz (Andrei Kashkar) e a russa Rosa (Helena Yaralova).

Depois de outra tomada muito longa que os mostra entrando em barcos a remo, os refugiados desembarcam num trecho do litoral onde os aguardam tanto combatentes da Palmach (a resistência clandestina judaica) quanto soldados do Exército britânico.

Faltam poucos dias para as forças britânicas deixarem a Palestina definitivamente, e os soldados fazem um esforço apenas moderado para impedir que os refugiados entrem no país.

Enquanto isso, os homens da Palmach, liderados pelo durão Mussa (Juliano Merr), conseguem reunir cerca de 25 refugiados e encontrar um esconderijo para eles.

Alguns poucos personagens começam a destacar-se individualmente nesse momento, quando relatam suas experiências de guerra: Roman (Roman Hazanowski) conta como fugiu do gueto judaico e foi assaltado por um polonês, e o jovem cantor religioso Menahem (Menachem Lang), que perdeu seus pais, chora de raiva e frustração.

Na metade do filme, Gitai escurece a cena, indicando que a noite caiu. É o fim do primeiro dia.

Há mais ação na segunda parte. Os refugiados quase entram em combate com alguns árabes, são armados e enviados numa ação contra um vilarejo que está impedindo a passagem de um comboio da Palmach a caminho de Jerusalém e entram numa discussão com um velho palestino aguerrido.

Ainda assim, muitos espectadores podem ficar um tanto quanto confusos, já que quase nada do contexto histórico é explicado e apenas alguns dos personagens ganham características individuais.

Outro problema é que, seja propositadamente, seja por restrições orçamentárias, o filme tem um clima um pouco abstrato, com poucos atores e muito barulho e ação fora da tela para representar um período histórico que foi extremamente convulsionado.

Kedma não é admirável, nem terrível. É uma versão sem sangue de um período tumultuado da história do Oriente Médio no século 20.

Para saber os horários de exibição deste filme, acesse o site da Mostra: https://www.mostra.org

Reuters

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