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Mostra SP: Ferroviários é relato louvável de crise britânica

Quinta, 24 de outubro de 2002, 10h35

Os protagonistas de Os Ferroviários, do veterano cineasta britânico Ken Loach, são heróis da classe trabalhadora da Grã-Bretanha da segunda metade dos anos 1990, quando a rede ferroviária British Railways estava tão decadente que se tornou escândalo nacional.

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O drama, uma das principais atrações de quinta-feira na 26ª Mostra BR de Cinema em São Paulo, mantém a filosofia do cineasta que desde o início de sua carreia na década de 1960 toma o partido de homens e mulheres trabalhadores contra o establishment e a direção das grandes empresas.

Em Ferroviários, os tempos estão mudando e o sistema ferroviário britânico, que foi nacionalizado após a 2ª Guerra Mundial, voltou a ser privatizado em meados dos anos 1990.

Os efeitos dessa decisão economicamente racionalista são mostrados com clareza contundente, sem a necessidade de slogans gritados ou discursos acalorados.

O roteiro, escrito pelo ex-ferroviário Rob Dawber, trata dos homens que trabalham numa estação ferroviária no sul de Yorkshire, Inglaterra.

Seu trabalho é fazer a manutenção dos trilhos e cuidar da segurança dos passageiros da ferrovia, mas, em 1995, essa parte do sistema ferroviário foi dividida em duas e vendida a duas empresas privadas distintas.

Homens que durante anos trabalharam lado a lado agora atuam em equipes rivais a serviço de empresas que querem lucrar às expensas uma da outra.

Os novos proprietários não querem que sobre nada do sistema antigo, baseado no trabalho de mão-de-obra sindicalizada. Como um deles deixa claro, os sindicalistas são vistos como criadores de problemas, pura e simplesmente, e os velhos acordos que os sindicatos tanto lutaram para conquistar são rasgados e jogados fora sem discussão.

Os empregados ou aceitam o novo sistema, ou se demitem. Alguns, desanimados, aceitam a demissão voluntária. Outros optam por ficar, mas sem contar com férias, licença médica paga ou qualquer dos outros benefícios que o sindicato havia conquistado ao longo dos anos.

O resultado é uma queda quase imediata nos padrões da ferrovia. O número de homens empregados no departamento de manutenção diminui e são chamados funcionários terceirizados, que pouco sabem sobre o trabalho que devem realizar.

Além do sofrimento pessoal dos trabalhadores, tudo isso gera problemas de segurança que resultam num acidente trágico.

Fica muito claro que Dawber - que, por sinal, morreu de uma doença relacionada ao trabalho antes da conclusão do filme - sabia do que estava escrevendo.

A obra é inteiramente convincente em todos os detalhes e, embora fique evidente em muitas cenas que os atores estão improvisando, os diálogos são puros, contundentes e até engraçados.

Na verdade, graças a seu senso de humor inato, Loach consegue tornar palatáveis mesmo as situações mais duras.

O filme inclui ainda cenas domésticas com as famílias que se desestruturam em função da tensão imposta sobre os homens, mas elas não são centrais na história, que diz respeito principalmente ao trabalho.

Reuters

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