Na belíssima comédia contemporânea O Filho da Noiva, uma das principais atrações de quinta-feira na 26ª Mostra BR de Cinema em São Paulo, um "workaholic" portenho de 42 anos descobre que a família é mais importante do que os negócios. » Leia mais notícias sobre a 26ª Mostra
Constantemente otimista e universalmente engraçado, o filme ganhou divulgação boca-a-boca positiva depois de receber o prêmio especial do júri e o prêmio de melhor filme latino-americano em Montreal.
O trabalho como gerente do restaurante fundado por seu pai, Nino (Hector Alterio), deixou Rafael Belvedere (Ricardo Darin) uma pilha de nervos.
Sua mulher, Sandra (Claudia Fontan), o deixou há muito tempo e ele mal conhece sua filha adolescente, Vicky (Gimena Nobile). Sua namorada, Naty (Natalia Verbeke), costuma encontrá-lo no sofá no meio da noite assistindo a reprises de Zorro na TV e faz mais de um ano que ele não acha tempo para visitar sua mãe, Norma (Norma Aleandro), que sofre do mal de Alzheimer.
Assim, quando Nino finalmente consegue convencer Rafael a lhes fazer uma visita e então anuncia que pretende se casar novamente com Norma - desta vez, na igreja -, esse é apenas o primeiro numa escalada de acontecimentos que mudam a vida do rapaz, entre os quais figuram um ataque cardíaco, a venda do restaurante e um caminho até o altar que é mais acidentado do que qualquer um possa prever.
O elenco é ótimo do começo ao fim. Hector Alterio e Norma Aleandro, juntos outra vez 17 anos depois de A História Oficial (que chegou a ganhar um Oscar), põem fogo na tela com mais química do que a maioria dos casais de metade de sua idade. Darin possui um ar ligeiramente confuso e o tipo incomum de um astro como o norte-americano Jeff Goldblum.
O filme brilha com humor criativo e é repleto de brincadeiras zombando de tudo e todos, desde Michael Jackson até Maradona, com piadas que podem ser compreendidas em qualquer parte do mundo.
Sobre o nervoso proprietário do restaurante, por exemplo, alguém comenta: "Abro as obras completas de Freud e o índice descreve você".
Até mesmo a igreja é alvo de humor. "Não se pechincha com Deus", diz um padre alegremente desonesto, enquanto as contas do casamento vão crescendo.
A melhor sátira, tanto visual quanto verbal, envolve um personagem magicamente misterioso que é mencionado ao mesmo tempo que Bill Gates e Albert Einstein e cuja identidade só é revelada com os créditos finais.
O diretor Juan José Campanella e seu colaborador de longa data Fernando Castets conseguiram transmitir sentimentos universais de solidão e desespero numa história repleta de humor regional.