Musa da intelectualidade carioca nos anos 1960 e 1970, a atriz Odete Lara é homenageada pela diretora Ana Maria Magalhães no longa Lara, um dos destaques brasileiros desta quinta-feira na 26ª Mostra BR de Cinema. » Confira a cobertura completa da 26ª Mostra
A bela protagonista de Noite Vazia (1964), de Walter Hugo Khouri, tem toda sua carreira dramática apresentada pela diretora Ana Maria Magalhães. Filha de um imigrante italiano, foi internada ainda criança num colégio de freiras depois do suicídio da mãe.
O próprio pai não pôde acompanhar o início de sua carreira como atriz, pois também se suicidou logo depois que a filha saiu de casa.
Sua estréia no teatro ocorreu em 1955 na peça Santa Marta Fabril e, um ano depois, chegou ao cinema no filme Gato de Madame, ao lado de Mazzaropi. Sua carreira se consolidou no Rio de Janeiro nos tumultuados anos 1960, logo após a instalação do regime militar.
Ana Maria Magalhães acompanha esse período, de grande efervescência política e cultural, fazendo um contraponto com a vida pessoal da atriz, mergulhada em profunda depressão e vivendo um difícil relacionamento amoroso com um diretor de teatro com problemas com a censura (Caco Ciocler).
Bem produzido, o filme prende o espectador com a escolha das duas atrizes escaladas para interpretar Odete Lara: a estreante Maria Manoella, na juventude, e Christine Fernandes, na maturidade.