O cineasta francês Claude Lelouch já chocou espectadores norte-americanos nos festivais de Veneza e Toronto com 11 de Setembro, uma produção que mostra onze visões diferentes sobre a tragédia ocorrida nos Estados Unidos em 2001. O filme é destaque desta sexta-feira na 26ª Mostra BR de Cinema. » Leia mais notícias sobre a 26ª Mostra
O longa-metragem consiste em 11 curtas de 11 diretores de 11 países, cada um com 11 minutos e 9 segundos de duração e filmado em um só quadro.
A parte dirigida por Lelouch mostra uma mulher surda que está rompendo com o namorado. No momento em que ela está escrevendo sua última carta a ele, a televisão está mostrando o caos em Manhattan e no mundo, mas a surda não está olhando para a tela.
"Pretendi mostrar que, naquele dia, ela era a única pessoa em Manhattan que não tinha conhecimento do que estava acontecendo. E eu quis mostrar que sua história é mais importante do que a do resto do planeta", afirmou o cineasta em Toronto, alertando que o humanismo fala mais alto do que o horror.
"O fim de um relacionamento pode significar o fim do mundo (...) O único ponto em comum de toda a humanidade é o egoísmo. Logo, o filme é basicamente sobre o egoísmo", disse Lelouch.
Sua parte é provavelmente a menos polêmica da produção, que inclui um curta do diretor egípcio Youssef Chahine falando sobre civilizações destruídas pelos Estados Unidos.
A polêmica produção de Chahine mostra um atentado suicida palestino contra Israel e defende que a violência contra os Estados Unidos e a política externa do país estão alimentando os conflitos no Oriente Médio.
Já o segmento dirigido pelo britânico Ken Loach (presente na Mostra de São Paulo com Os Ferroviários) trata de outro evento fatídico ocorrido num 11 de setembro: o golpe de 1973 contra o presidente chileno Salvador Allende e o apoio dado pelo presidente americano Richard Nixon à subsequente ditadura militar de Augusto Pinochet.
Outros diretores que participaram da produção incluem Amos Gitai, Danis Tanovic, Alejandro Gonzalez, Sean Penn e Mira Nair.