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Mostra SP: Fresnot choca com o mundo arcaico do Brasil colonial

Sexta, 25 de outubro de 2002, 16h57

O fato de Desmundo, atração desta sexta-feira na 26ª Mostra BR de Cinema, ser um filme de época e falado em português arcaico do século 16 pode assustar alguns espectadores, mas deixar de ver este belo trabalho seria um erro.

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Para garantir plena compreensão, o filme é todo legendado no idioma moderno. Baseado em livro da romancista Ana Miranda, com uma produção bastante cuidada e a direção segura do paulista Alain Fresnot (de Ed Mort), a narrativa traça um claro retrato do Brasil colonial visto sob o ponto de vista feminino: no caso, o de Oribela (Simone Spoladore, de Lavoura Arcaica).

Jovem portuguesa, Oribela veio para o Brasil junto com um grupo de órfãs trazidas para cá dentro do projeto da monarquia lusitana de oferecer esposas brancas aos colonos, que já há tempos se miscigenavam com as índias.

Dentro do contexto da época, era uma situação completamente desfavorável às mulheres, mesmo às européias. Afinal, naqueles dias elas valiam menos do que as mulas e tinham menos direito a exercer a própria vontade. Como gado, seus dentes e dons físicos eram examinados e arrematadas como num leilão, já que em geral nada tinham a oferecer como dote.

Muito devota, mas disposta a tentar algum tipo de escolha, Oribela rejeita com uma cusparada o primeiro e bruto pretendente (Cacá Rosset). Com o segundo, Francisco (Osmar Prado), ela já é mais conivente, ainda mais que ele se comporta a princípio com mais civilidade.

Instalada na remota propriedade do marido com uma sogra estranha (Berta Zemel), uma cunhada deficiente e uma clara insinuação de incesto, Oribela tenta a fuga com a ajuda de um comerciante judeu, Ximeno (Caco Ciocler).

Leva assim às últimas conseqüências a angústia de uma pessoa deslocada, que experimenta anseios que sua época não lhe permite atender.

A maior qualidade é que o filme não estereotipa demais a brutalidade inerente às relações entre as pessoas numa natureza selvagem e inóspita. Assim sendo, oferece um retrato vivo de como devem ter sido aqueles primeiros tempos da colônia e os choques entre suas diversas populações.

Reuters

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