Comovente e um pouco triste, Tudo sobre meu Pai, destaque de sábado da 26ª Mostra BR de Cinema em São Paulo, é o retrato do diretor Even Benestad de seu pai, Esben, o travesti mais conhecido da Noruega.» Leia mais notícias sobre a 26ª Mostra
É um documentário feito sob medida para festivais. Quando as filmagens começaram, Esben pensou que o filme lhe daria uma plataforma desde a qual defender a causa dos travestis. Mas seu filho tinha outras intenções.
Para Even, era importante confrontar seu pai, falar sobre como o fato de Esben se vestir de mulher afetou sua vida e a de sua família. Também era importante para Even mergulhar fundo em tudo o que ficou sem ser dito entre eles dois ao longo dos anos.
Médico numa cidade pequena, Esben é colunista de uma revista masculina e já escreveu dois livros sobre educação sexual. Em sua identidade alternativa, é Esther Pirelli, atriz e terapeuta sexual.
O filme foi rodado com várias câmeras ao mesmo tempo. O próprio Even operou uma videocâmera, enquanto outro cinegrafista filmava pai e filho juntos em 16 mm.
O resultado é um projeto que passa a impressão de estar em movimento constante, com cortes e ângulos inesperados. Even chega ao ponto de encenar algumas sequências em que seu pai dança no jardim de sua casa.
Tanto Esben quanto sua mulher, Elsa, aparentam estar tranquilos e falam francamente com a câmera e entre eles. A única pessoa que deixa claro que não gostou de fazer o filme é a primeira mulher de Esben (a mãe de Even).
Embora tenha concordado em ser entrevistada, ela fez questão de se manter anônima, de modo que a câmera focaliza partes de seu rosto tão de perto que ela fica irreconhecível. Num primeiro momento, a irmã de Even também hesitou em participar.