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Mostra SP: Paulo Thiago faz homenagem poética a Drummond

Sábado, 26 de outubro de 2002, 12h45

O Poeta de Sete Faces, do diretor Paulo Thiago e atração deste sábado da 26ª Mostra BR de Cinema, em São Paulo, é um documentário que aborda e ao mesmo tempo investiga e interpreta os diversos momentos da vida e obra de Carlos Drummond de Andrade.

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Um ponto forte da produção é a acertada fuga do formato documental padrão, ao privilegiar um retrato lírico da trajetória do poeta.

Por essa razão, o filme transcende o mero registro factual, deixando presente a emoção da arte drummondiana que define o texto, a imagem, a música, a montagem e o desenvolvimento dramático do filme.

Paulo Thiago, conhecido por obras como Águia na Cabeça, Jorge, um Brasileiro e Policarpo Quaresma transmite, sem qualquer dúvida, sua imensa paixão pelo poeta, conterrâneo e ídolo.

Some-se a isso a tocante interpretação dos atores, especialmente a de Paulo José, que protagonizou Policarpo. Vê-los declamando as poesias tão singulares de Drummond é um bom exercício de exploração dos sentidos tantas vezes apagados pela rudeza do cotidiano.

O documentário pode ser visto também por suas qualidades didáticas: divide-se em três etapas que correspondem às fases distintas da obra de Drummond.

A primeira fase, Vai Carlos, ser Gauche na Vida, registra desde o seu nascimento em Itabira, em 1902, até o final da sua Poesia Modernista, em Belo Horizonte, antes da mudança para o Rio de Janeiro, em 1934.

É a fase da poesia com a marca do modernismo de 1922 e também da publicação dos primeiros livros: Alguma Poesia e Brejo das Almas - quando nasce o Carlos Drummond de Andrade dos versos anedóticos, sintético -metafóricos e irônicos.

A segunda fase, A Vida Apenas, Sem Mistificação, começa com a mudança de Drummond para o Rio de Janeiro e vai mostrar o "poeta do seu tempo", o momento de atuação política na vida do escritor aliado à sua obra de crítica social.

E por fim a terceira fase, Como Ficou Chato Ser Moderno, Agora Serei Eterno, do início dos anos 1950 aos 1980. É o período do poeta-filósofo, do verso enigmático, do cronista de sucesso no Correio da Manhã e no Jornal do Brasil, da glória literária, dos prêmios e homenagens, dos filmes adaptados de sua obra e do retorno aos temas do passado e da memória.

Sem dúvida, as qualidades artística e acadêmica da obra possivelmente podem se tornar referências para novas produções do gênero.

Mesmo se não for aceito pelo público convencional, terá, indubitavelmente, muito a acrescentar às nossas escolas, que parecem ter esquecido a fascinação e o encanto da poesia.

Reuters

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