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Mostra SP: Segunda de Manhã observa a vida moderna

Sábado, 26 de outubro de 2002, 12h47

Desde que começou sua carreira de cineasta na Geórgia, em 1961, com o censurado Abril, Otar Iosseliani criou uma obra singular, uma série de filmes gentis e discretos nos quais a comédia é um componente essencial da condição humana.

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Embora nunca tenha tido um público grande, o diretor conta com fãs fiéis que vão assegurar o sucesso boca-a-boca de seu trabalho mais recente, Segunda de Manhã, que lhe valeu o Urso de Prata de melhor direção no Festival de Berlim. O longa-metragem é destaque de sábado na 26a Mostra BR de Cinema, em São Paulo.

O mundo de Iosseliani não é muito distante daquele das comédias do francês Jacques Tati - ambos são roteiristas e diretores se especializam na comédia de observação, pequenas piadas discretas, mas que deleitam o espectador atento.

Ele frequentemente aparece em seus próprios filmes, geralmente em papéis pequenos, como é o caso desta vez. O trabalho de Tati com o qual Segunda de Manhã mais se parece é Tempo de Diversão, na medida em que ambos falam do fato de que, no mundo moderno, as pessoas se comportam mais ou menos da mesma maneira, independentemente do país em que vivem.

Vincent (Jacques Bidou) vive num vilarejo francês e segue uma rotina fixa. Todos os dias ele levanta às 5h para ir trabalhar numa fábrica de produtos químicos.

Ele vai de carro até a estação e chega exatamente no mesmo horário todos os dias, mas é proibido de fumar no trem e na fábrica.

Iosseliani chama a atenção para esse aparente problema, fazendo com que todos os operários da fábrica acendam cigarros e dêem algumas poucas baforadas ao deixarem o trem, apenas para serem obrigados a apagar os cigarros a poucos metros da entrada da fábrica.

Em casa, Vincent se comunica pouco com sua família. Sua mulher (Anna Kravz-Tarnavsky) precisa dele principalmente para as tarefas domésticas; seus pais parecem viver em outro mundo, e a mesma coisa acontece com seus dois filhos, que não querem que ele os atrapalhe em seus hobbies. Vincent se consola com arte: é um pintor apaixonado, mas tem pouco tempo para fazer o que gosta.

Os habitantes do vilarejo são um bando de excêntricos, incluindo o carteiro, que sempre lê a correspondência de todo o mundo, e o padre, que usa um telescópio para espiar as mulheres da paróquia quando trocam de roupa.

Um dia Vincent se cansa de tudo e resolve mudar de vida. Ele viaja para Veneza, cidade que sempre viu como símbolo de fuga. Ele procura um amigo (Arrigo Mozzo) e descobre que este vive uma vida muito semelhante à sua. Também procura um personagem excêntrico que parece ser um parente distante e que vive num palácio esplêndido. Esse personagem pomposo é representado, com humor, pelo próprio Iosseliani.

Como os outros filmes do diretor, Segunda de Manhã não vai agradar a todos os gostos. Iosseliani não se interessa pelo cinema movido por tramas e seu filme praticamente não tem história.

Em lugar disso, o que ele faz é observar seus personagens, e o mundo que habitam, com ironia desapegada e ocasionais flashes de quase surrealismo.

Seu cinema também é o cinema da poesia, e há um momento mágico em que o amigo italiano de Vincent o leva até um telhado em Veneza para sentir de perto o espírito da cidade.

Fotografado com elegância por William Lubtchansky, Segunda de Manhã é uma produção impecável, que retrata com perfeição um mundo de serenidade atemporal.

Reuters

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