Ken Park, do cineasta norte-americano Larry Clark (que ficou famoso com o polêmico Kids, de 1995), deverá adicionar mais um pouco de controvérsia à programação desta segunda-feira na 26ª Mostra BR de Cinema. » Leia mais notícias sobre a 26ª Mostra
O filme começa com o personagem-título estourando os próprios miolos num dia de sol no parque. Em seguida, vemos coisas como: um adolescente fazendo sexo oral com a mãe de sua namorada; a "filha boazinha" de um pai que vive citando a Bíblia que, na realidade, é uma ninfomaníaca sádica; um adepto da asfixia auto-erótica que se masturba em close antes de matar seus avós a facadas, e um pai bêbado que agride sexualmente seu filho adormecido.
Pornografia exploradora, propositalmente provocante? Revelação corajosa da vida secreta dos adolescentes? Sensacionalismo calculado? Simples retrato fiel da vida real?
São essas as discussões que provavelmente irão acompanhar Ken Park onde quer que seja exibido. Belamente feito, mas emocionalmente desanimador e alienante em sua insistência em realçar apenas os aspectos negativos da vida, esta contribuição aos retratos da América contemporânea feita com financiamento europeu guarda semelhanças com alguns filmes franceses recentes que também trazem relatos de sexo nu e cru.
Mais explícito, mas menos "chocante" do que Kids, de 1995, Ken Park era para ter sido o primeiro filme de Clark se não fosse pelo fato de Kids ter encontrado financiamento antes. Os filmes são semelhantes na medida em que mostram explicitamente adolescentes fazendo coisas que os adultos preferem não pensar que fazem.
Mas Kids tem a vantagem de possuir um gancho narrativo que o justifica, enquanto Ken Park passa a impressão de ser um conjunto de cenas incluídas basicamente pelo simples fato de nunca terem sido vistas antes no cinema. Embora o filme seja repleto de encontros sexuais inteiramente explícitos e simulações convincentes, parece que os atores não chegam à penetração de fato.
Em termos visuais, o filme é belíssimo. Hoje em dia as pessoas prevêem que uma história tão sombria seja filmada com câmera digital, mas a câmera se mantém parada e os eventos são banhados na luz do naturalismo enaltecido influenciado pelo cinema europeu oriental dos anos 1960.