Engraçado, tolo e criativo, Grégoire Moulin Contra a Humanidade é feito de uma sequência de contratempos que atrapalham o personagem-título em sua tentativa de devolver uma carteira roubada na noite de uma partida de futebol decisiva para toda a França. O longa-metragem é destaque desta quinta-feira, último dia da 26ª Mostra BR de Cinema, em São Paulo. » Leia mais notícias sobre a 26ª Mostra
O filme é o primeiro do diretor, co-roteirista e ator principal Artus De Penguern, que até agora só fizera curtas mais descontraídos.
Trata-se de um manifesto cômico em favor dos homens sensíveis obrigados a viver num mundo machista.
O humor do diretor, feito com aparência inexpressiva, faz dele um primo atual de Buster Keaton.
A vida do azarado, tímido e baixinho Gregoire (De Penguern) sempre foi repleta de estresse, a começar pela noite, pouco após seu nascimento na Clínica Franz Kafka, quando seus pais morreram juntos enquanto discutiam sobre a futura profissão do filho.
Criado longe de tudo por parentes que não lhe davam apoio, Grégoire já tem mais de 30 anos quando finalmente consegue mudar-se para Paris, onde trabalha numa seguradora cuja janela dá vista para um estúdio de balé. Ele se apaixona em silêncio pela esbelta professora de dança Odile (Pascale Arbillot), leitora voraz.
Sem coragem de apresentar-se, Grégoire rouba a carteira dela num restaurante e depois telefona, fazendo-se passar por uma pessoa desinteressada que a encontrou e se oferece para devolvê-la.
Mas, em função de uma série de contratempos e mal-entendidos, o encontro dos dois é frustrado inúmeras vezes.
Grégoire sai do escritório para xerocar documentos para um colega que saiu para assistir à grande partida de futebol. Quando volta, encontra o escritório trancado - com as carteiras dele e de Odile lá dentro.
Constantemente educado e sincero, Grégoire parece ser alvo de todos os reveses que o universo é capaz de inventar, pelo simples fato de não se interessar por futebol.
O diretor, que tem um papel pequeno em O Fabuloso Destino de Amélie Poulain como o escritor Hipolyte, é ator há 20 anos, e este primeiro longa reflete à perfeição o universo esdrúxulo, mas coerente, de seus curtas.