Nesta quinta-feira, último dia da 26ª Mostra BR de Cinema em São Paulo, Fácil de Enterrar, longa-metragem produzido com 6 mil dólares, é uma das principais atrações da programação. Trabalho de conclusão de curso do diretor americano JT Petty, Fácil manipula clichês usados em velhas produções de terror e já está sendo considerado uma espécie de filme cult ao estilo de Bruxa de Blair por desconstruir os padrões do gênero.
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O jovem diretor mantém o espectador em atenção permanente, acompanhando a história de um homem que encontra uma criança enterrando algo na floresta. Intrigado, chama a polícia, mas nada é encontrado no local. Ele continua a investigar e fatos estranhos começam a acontecer.
Veja abaixo outras boas opções do dia:
* A Cabine
O processo de criação do desenho animado A Nova Onda do Imperador, dos estúdios Disney, é retratado nesse documentário de Trudie Styler e John Paul Davidson. A diretora é mulher do compositor e cantor Sting, responsável pelas canções do filme. Ele só concordou em aceitar o trabalho de criar a trilha sonora se Trudie pudesse documentar todo o processo de criação do desenho animado. O filme mostra desde os primeiros trabalhos até a versão final aprovada pela Disney e exibida nos cinemas.
* Grégoire Moulin Contra a Humanidade
Comédia de estréia do diretor francês Artus De Penguern conta as desventuras de um homem, no caso ele próprio como ator, empenhado em devolver ao seu legítimo dono uma carteira roubada na noite de um decisivo jogo de futebol. O humor de De Penguern pode ser considerado muito próximo ao do americano Buster Keaton. O diretor fez uma pequena ponta no sucesso O Fabuloso Destino de Amélie Poulain.
* Sinfonia do Silêncio
Neste drama, primeiro pré-candidato da Armênia ao Oscar de filme estrangeiro, o diretor Vigen Chaldranian acompanha o retorno ao seu país de um milionário com pouco tempo de vida.
Ao voltar à terra natal, ele descobre que o antigo hospício onde ficou internado está à venda. Ele compra o hospital e passa a reformá-lo. Mas sua chegada lhe trará problemas com inimigos do passado que querem um acerto de contas.
* Arca Russa
Sem ser formalista, o diretor Aleksandr Sokúrov identifica-se com a procura de uma nova linguagem, um objetivo que ficou muito visível em seu trabalho mais recente, Arca Russa, filmado num único plano-seq ência de 99 minutos, sem cortes.
Usando câmera digital, ele conduz dois personagens pelos diversos salões do magnífico museu Hermitage, a residência imperial dos czares russos, em São Petersburgo. Neste fantástico passeio no tempo e no espaço, desdobram-se vários momentos da história russa entre o czarismo e a era moderna.
* Simão o Caolho
Alberto Cavalcanti, homenageado este ano pela Mostra, foi um dos mais importantes cineastas brasileiros. Incompreendido e combatido nos círculos culturais do Brasil, construiu quase toda a sua carreira na Europa.
A importância da retrospectiva do cineasta reside justamente neste ponto - seus filmes são praticamente desconhecidos pelo grande público brasileiro.
Um de seus trabalhos mais importantes é, sem dúvida, Simão o Caolho, um dos poucos longas que filmou no Brasil. É a história de um corretor caolho que quer, de qualquer maneira, recuperar seu olho perdido.
Para tanto, submete-se até às experiências de um inventor maluco. O novo olho que consegue lhe dá poderes especiais, como a invisibilidade. Torna-se milionário com corridas de cavalo, envolve-se com magnatas do mercado de carne e decide entrar para a política, elegendo-se presidente da República.
* Absolutamente LA
Nesta comédia de Mika Kaurismaki, o jovem Richard (David Tennant) leva adiante a funerária da família em Bradford, na Inglaterra. Entre caixões e enterros, sua vida é um tédio total em que até o casamento já está arranjado com a filha de um negociante (Saskia Reeves).
Um dia, a rotina de mais um sepultamento é interrompida pela aparição de uma turista americana, a bela Barbara (Vinessa Shaw).
Os dois passam o dia juntos, Barbara embarca de volta para Los Angeles. Cego de paixão e vontade de sacudir sua vida, Richard muda-se para lá, não tendo mais do que uma caixa de fósforos do restaurante em que ela trabalha como referência para procurá-la.
* Dez
Quem entra no carro da protagonista deste filme (Mania Akbari) automaticamente se torna participante de uma discussão sobre a condição feminina no Irã.
Porque é o automóvel dela o cenário único das dez histórias contadas pelo diretor iraniano Abbas Kiarostami. Dez histórias que se interligam nas questões de um país em que as mulheres ainda têm muito mais por que lutar.