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Na 4ª edição do Festival de Cinema de Recife a grande quantidade de produções que versam sobre a cultura indígena comprovam a necessidade da retomada das origens nacionais. Entre os 36 curtas e 13 longas-metragens presentes no festival, uma boa parcela trata do povo indígena e de seu universo. O maior representante deste segmento é "Hans Staden", de Luiz Alberto Gal Pereira. O filme recebeu grande aceitação, e foi bastante aplaudido pelo público e crítica. A co-produção entre Brasil e Portugal relata a história do viajante alemão, que prisioneiro dos Tupinambás, tenta a qualquer custo livrar-se de um ritual antropofágico. Com atuações primorosas, orientadas por Fátima Toledo, Hans Staden é um dos melhores filmes exibidos no Festival. Todo o elenco fala na língua original Tupinambá do século XVI. Para isso, a equipe recebeu aulas sobre o idioma, com orientações e acompanhamento intenso. No Coração dos Deuses, de Geraldo Moraes também faz referência ao tema. Destinado ao público juvenil, o filme reconstitui, em tom de fábula, a saga dos bandeirantes paulistas na região Centro-Oeste do país, no século XVII. Apesar de retratar a cultura indígena, estes aparecem em tribos furiosas, representando inimigos temidos. "Aldeia", de Geraldo Pioli traz uma ficção sobre um padre jesuíta na tentativa de ensinar os 10 mandamentos a uma tribo indígena polígama, no início da colonização. Segundo o diretor, o filme busca mostrar a importância da preservação da diversidade cultural. Para a realização das filmagens foi construída uma aldeia cinematográfica em Curitiba. A maior parte do elenco é composto por índios que viraram atores. Grande parte deles, nunca havia atuado. Para realizar o trabalho, o diretor contou com a contribuição da antropóloga Luli Miranda, que já havia trabalhado com os índios Guaranis. Um dos melhores documentários exibidos dentro da categoria curta-metragem foi Bubula, O Cara Vermelha, de Luiz Eduardo Jorge. O filme trata a trajetória
histórica de documentação do cineasta e fotógrafo Wolf Jesco von Puttkamer,
através de um texto em que o autor revisita sua obra cinematográfica,
realizada durante quatro décadas, junto aos diversos grupos indígenas
da Bacia Amazônica Brasileira. Ao mesmo tempo em que Jesco rememora seu
trabalho como documentarista, analisa sua filosofia, metodologia e técnica
de pesquisa audiovisual, narrando em detalhes sua experiência pessoal,
que resulta em milhares de páginas escritas em diários. Pode-se concluir
que, mesmo após 500 anos, o tema ainda é um dos mais férteis e produtivos
para a cultura nacional. Até o formato de animação buscou retratar este
universo, com "Amor Índio", de Rui de Oliveira.
Luciana
Rocha
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