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Inaugurada a Berlinale com tímidos aplausos para o filme de Wim Wenders
O 50º Festival Internacional de Cinema de Berlim foi aberto quarta-feira com o filme The Million Dollar Hotel, do diretor alemão Wim Wenders, visto com reservas pela crítica e tímidos aplausos do público.
O festival foi inaugurado na Berlinale Palast, perto da histórica Praça de Potsdam, reconstruída após a queda do Muro de Berlim com discursos de autoridades políticas sobre a importancia que este encontro anual deverá ter no futuro.
O filme de Wenders, de 122 minutos, rodado no centro de Los Angeles, mistura tragicomédia, descrição de ambientes sórdidos, história romântica e mistério. Interpretado por Jeremy Davies, Milla Jovovich, Mel Gibson e Amanda Plummer, o argumento se situa em março de 2001 e trata dos "freaks", inconformistas e marginalizados do grande "sonho americano" a partir da misteriosa muorte do pintor e "junkie" Izzy Goldkiss, que mora no The Million Dollar Hotel.
Com música e roteiro de Bono (U-2) e Nicholas Klein, o filme tem o realismo poético e finalmente arrecada aplausos retraídos dos espectadores.
A investigação do agente especial Skinner (Mel Gibson), do FBI, e a cobertura que uma rede de TV dá ao crime tiram do anonimato personagens de duvidosa reputação que convivem nesta "casa de loucos", como descreve o próprio Wenders, que agora mora em Hollywood.
O underground de Los Angeles, rodeado de arranha-céus é o último refúgio de viciados em drogas, bêbados, vagabundos, prostitutas e sonhadores.
Goldkiss, que passa a ter seus quadros valorizados depois da morte tem a vida íntima contada por um amigo na TV.
Uma vida "perfeita", cheia de surpresas e viradas inesperadas que vale a pena viver lembra o amigo.
Ninguém se mudaria para o hotel, em que Wenders passou várias semanas rodando, apesar da resistência manifesta de alguns hóspedes. Garrafas e seringas pelo chão, panelas e bolsas com urina e fezes foram lançadas muitas vêzes do prédio contra a equipe de filmagem em sinal de protesto.
"Os supostos loucos que moram no hotel, finalmente, se apresentam como normais e sãos, em comparação com o mundo exterior que os rodeia", conclui o diretor alemão, cujo penúltimo filme, Buena Vista Social Club, espera ser indicado pela Academia Cinematográfica de Hollywood. (AFP)
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