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Cena de 65 segundos em De Olhos Bem Fechados sofre manipulação digital


Tom Cruise afirmou há pouco tempo que De Olhos Bem Fechados, derradeira obra de Stanley Kubrick que chegou aos cinemas americanos em 16 de julho, só sofreria cortes ou alterações por cima de seu cadáver. A pré-estréia do filme em Los Angeles, em 13 de julho, confirmou que o ator continua vivo, e Kubrick provavelmente se revolve no túmulo.

Para escapar da temível classificação NC-17, que proíbe menores de 18 anos nos cinemas e pode reduzir em até 50% o faturamento, segundo cálculos dos executivos de Hollywood, o filme sofreu manipulação digital em 65 segundos para maquiar as cenas de sexo e nudez mais ofensivas ao decoro americano. No caso, uma das sequências mais significativas da trama, em que o médico vivido por Cruise observa cenas de orgia em uma mansão, depois de uma discussão em que a esposa revela ter tido uma fantasia erótica com um marinheiro. Com isso, o filme conseguiu a classificaçao R (menores acompanhados por pais ou responsáveis) e um significativo quinhão da bilheteria.


Kidman e Cruise durante a pré-estréia de De Olhos Bem Fechados em Los Angeles, no dia 13 de julho
(AP/ZH)

Segundo a Warner, o próprio Kubrick teria aprovado a versão editada, já prevendo que a classificação NC-17 poderia comprometer o desempenho do filme. Kubrick não era um cineasta afeito a concessões. Quase todos os críticos que assistiram às duas versões, com a presença do produtor-executivo Jan Harlan, atacaram e até ridicularizaram a "maquiagem" das cenas. O crítico do New York Daily News, Jack Matthews, afirmou que o público adulto americano está sendo privado da versão original da obra, que será exibida no Japão, Inglaterra e Canadá. Roger Ebert, do Chicago Sun-Times, comparou a sequência à introdução de Austin Powers: O Espião "Bond" Cama, em que as partes pudendas do galã de botequim Mike Myers aparecem encobertas por vários objetos.

A odisséia sexual do bem-sucedido médico Bill Harford (Cruise) e sua esposa Alice (Nicole) através de dolorosas (e excitantes) descobertas gerou uma enorme expectativa sobre a voltagem erótica do filme, que começa com um inesquecível striptease de Nicole na abertura (a cena está no trailer do filme, disponível no site oficial). A expectativa se reverteu, invariavelmente, nas páginas dos jornais sensacionalistas.

A última obra de um dos gênios transgressores do cinema americano, protagonizado por um casal absolutamente estelar, não poderia passaria incólume pela sanha dos tablóides. Azar deles. O casal está processando o The Star, que deu nome aos bois ao afirmar que Kubrick se valeu de dois terapeutas sexuais, Wendy e Tony Duffield, para ensinar a Nicole e Cruise a "fazer amor". A matéria enfureceu o estúdio e o casal, que também processa o National Enquirer, por publicar em um artigo que Cruise e Nicole teriam convivido com viciados em heroína e estudado longamente fotografias sadomasoquistas para incorporarem os personagens.

(Fonte: Reuters, E! Online, Mr. Showbiz)
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