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BRINGING OUT THE DEAD
Bringing Out the Dead é o último filme de Martin Scorcese que acaba de
entrar em
cartaz em Nova York. A história é baseada no livro de Joe Connelly. Além da
direção
genial de Scorcese, a parceria com Paul Schrader, roteirista de Taxi Driver
provou
funcionar mais uma vez.
Ao invés de um jovem Robert de Niro com olhos
castanhos,
temos Nicholas Cage, com belíssimos olhos verdes. A personagem feminina é
Patricia
Arquette ao invés de Cybil Shepard, e se a Big Apple era vista por um
motorista de
um taxi amarelo, agora ela é retratada por um paramédico que dirige uma
ambulância.
A
grande musa inspiradora do filme continua sendo a cidade de Nova York e
seu
submundo, que Scorcese conhece tão bem.
Em Taxi Driver, Travis (De Niro) era um cara que tinha perdido a noção de
como separar
o que é certo do que é errado, e usava a violência como uma forma de resolver
os seus
conflitos.
O nosso herói, Frank (Cage), em Bringing Out the Dead é muito mais
saudável
neste sentido. Seus amigos é que são um pouco estranhos. Um
deles é sádico, o outro um católico fervoroso. O único problema é que Frank tenta
salvar a
vida dos outros, mas ao mesmo tempo tem problemas em como tratar bem a si
mesmo. Ao
invés de comer ele bebe, ao invés de dormir bem ele tem pesadelos, ao invés
de relaxar
quando o corpo pede ele continua trabalhando quase até cair. Ele passa o
filme todo à
beira de um ataque de nervos, o que faz com que o personagem tome uma
dimensão mais
humana.
O filme trata do paradoxo entre a vida e a morte. Os que trabalham
dirigindo a ambulância tentam salvar vidas, mas estas vidas são de pessoas
sofridas que
fazem parte de um submundo pobre, trabalhador e drogado.
Nao é aquela história
de final
feliz, de que uma vez salvo, a pessoa vai para um lar aconchegante e acolhedor,
pelo contrário. A grande batalha dos que não morrem é como lidar com a vida.
Este é o
maior desafio.
Além de excelente história, roteiro e atuação, o que dá um toque muito
especial ao filme é
a câmera de Robert Richardson, que trabalha com Oliver Stone regularmente.
Há
cenas
em que as imagens passam pela câmera numa velocidade imensa, como uma
ambulância
cruzando as ruas. A câmera dá uma dimensão abstrata ao filme.
Como não poderia deixar de ser, a obra tem uma história de amor humanística. Um
homem e uma mulher estão procurando alguém com quem possam relaxar, alguém
que vá
cuidar e deixar ser cuidado com carinho.
Bringing Out the Dead EUA (1999). De Martin Scorcese. Com Nicolas Cage
e Patricia
Arquette.
Bárbara
Kruchin
é artista
plástica e aficcionada por cinema. Ela é brasileira, mas mora em
Nova York desde 1991, onde cursou a School of Visual Arts.
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