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Filme: A corrente do bem
Cartas - A corrente do bem
De: Emma
LIV - Não pretendia escrever sobre o Dr.T., já que não me causou algo tão bom nem tão ruim que merecesse algumas mal-traçadas linhas (!!!), mas você acabou cutucando as mulheres com vara curta (ops!). Não sei se só as mulheres ou a todos que gostam de uma crítica cinematográfica que poupe o leitor daqueles indefectíveis comentários das revistas mensais de cinema e vídeo (as quais parei de comprar exatamente por isso) do tipo "só a gostosíssima fulaninha de tal vale o filme", "se não fosse a presença da deliciosa beltraninha de tal...".
Isso é reduzir não só a crítica como o próprio cinema a um plano menor. Claro que estou me referindo ao seu comentário sobre a Liv Tyler que continua tão pouco à vontade quanto nos filmes anteriores, só que antes era saudada como a "a bela ...", "a apetitosa filha...".
Agora, alguns quilos mais gorda, é cobrada por algo nunca teve! Por outro lado, acho que está longe de estar feia, a não ser dentro dos padrões "lagartixas brancas de passarela" como fala o José Simão. De qualquer forma seu comentário sobre ela ajuda a explicar (um pouquinho, só um pouquinho... que também não pretendo jogar sobre seus ombros a culpa do mundo) o porquê das mulheres estarem se retalhando em mesas de cirurgias, atrás do corpo perfeito...Se a Liv é gorda e feia, o que sobra para nós reles mortais ?! Meninos, não sejam tão cruéis. A contrapartida pode ser terrível. Recordem o velho bardo: não existe no mundo fúria maior do que...
HELEN - Já que você falou na "Corrente do Bem" aproveito para comentar que depois de uma sessão dupla - saí de "Do que as mulheres gostam" e entrei em "Dr.T e as Mulheres" - confirmei algo que não queria admitir: a Helen Hunt faz sempre o mesmo papel. Não que eu desgoste dela, mas nesses três filmes você procura o personagem e encontra... a Helen Hunt. Se ela não der uma virada agora vai acabar a eterna boazinha, honesta, mãe sofredora. Mesmo meio perdida, meio alcóolatra como em a "Corrente do Bem" vê-se ao fundo (nem tão fundo assim!) a mesma interpretação. Cai fora, menina, antes que seja tarde! No mais, felicidades e um beijo grande!
De: Gerbase
Emma, você escreve: "Agora, alguns quilos mais gorda, é cobrada por algo nunca teve!" Não concordo. Liv Tyler, em Beleza Roubada e A fortuna de Cookie, estava maravilhosa. Como atriz. Como personagem. Como mulher. Como tudo que a gente gosta no cinema, sendo homem, mulher, ou qualquer coisa entre estas duas alternativas. Minha queixa foi contra a falta de cuidado (da própria Liv e de seus agentes) com a carreira de uma estrela que surge. É como uma grande banda de rock que lança um disco menor, apressado, só porque tem que cumprir um contrato com a sua gravadora. É melhor esperar. É melhor preservar. É claro que fica difícil recusar um novo convite do Altman, mas isso não justifica tantos quilos a mais e tanta energia dramática a menos. Minha impressão é que ela fez o filme meio sedada. Em relação a Helen Hunt, assino em baixo.
De: Reame
Irônico, criativo, bom observador... Assim é Carlos Gerbase, que mistura pedras, Madre Teresa e Nietzsche para falar sobre um filminho qualquer. Esse foi o elogio. Agora vem a bronca. Pô, cara, não pode chamar alguém de preguiçoso sem antes verificar se ele não tem razão. No caso de Bruno Machado, ele tá muito certo. É impossível ler a crítica de De Olhos Bem Fechados! Na verdade, venho reparando nisso há algum tempo, várias críticas são impossíveis de serem acessadas, seja porque uma mensagem surge, dizendo que o texto não pôde ser encontrado (é o caso do filme de Kubrick), como o link simplesmente não existir, como ocorre em Eu, Tu, Eles. Pergunta pro pessoal do Terra o que está errado!
De: Gerbase
Tá certo. Conferi e, realmente, não abre. Espero que o pessoal do Terra arrume logo esses liks.
De: Ana Lúcia
Tenho o costume de ver bons filmes e quando li a sinopse de Dr. T e as mulheres imaginei que viria alguma coisa legal, principalmente pelo diretor do filme e por ter autores como Richard Gere por exemplo. Mas me frustrei, o início do filme até que é meio cômico e dá pra levar, mas o decorrer e o final, convenhamos, é simplesmente horrível. Não teve o menor sentido.
De: Gerbase
Não sei de bilheterias do Dr.T pelo mundo, mas, pode acreditar, o "sentido" mais perseguido pela produção foi o sucesso comercial.
De: Jacqueline Guedes
E o filme Amores Possíveis, hein? Eu adorei!
De: Gerbase
Não vi ainda, mas o roteiro é do Paulo Halm, o que é garantia de uma bela trama.
De: Andréa
Adoro sua coluna, vc é o único crítico que não parece ser um cineasta frustrado. Mas às vezes discordo de vc, aliás acho que o grande barato da coluna é esse, as diferenças de opiniões e a interatividade. Bom, fui ver o Tigre e o Dragão só ontem, meio atrasada, mas tudo bem. Esperava um filme mais ou menos, por que tinha lido sua crítica e as respostas... No fim, adorei. É, gostei mesmo. Tudo bem que não é um roteiro lá muito profundo, mas é um filme legal. Fiquei meio irritada com aquela declaração de amor no último suspiro, claro, mas isso foi o de menos. Como nunca vi filmes de kung-fu, achei as lutas o máximo e aquela leveza toda de andar no ar (eles não voavam, andavam no ar, um barato) demais.
O que adorei mesmo e provavelmente foi o que me fez gostar do filme num todo foi o poder das mulheres. Não sou feminista, não, mas qual mulher não fica empolgada ao ver as personagens femininas detonando tudo que está na frente com aquela graça toda? O único guerreiro do filme fica totalmente na sombra e não empolga, enquanto que as moçoilas tiram o ar do espectador. A menina casadoira, então, é o máximo: toda patricinha e, por outro lado, encara um bando de marmanjos na boa, tomando um chazinho, e também encara uma vida no deserto, sem nenhum conforto, ao lado do amado. Pode não ser profundo e cheio de conflitos, mas por que todo filme tem que ser profundo e cheio de conflitos? Contar duas estórias de amor (uma platônica, a outra impetuosa), mostrar lutas diáfanas, mulheres poderosas, isso tudo com belas imagens, já não está bom?
De: Gerbase
Esta leitura feminista é bem interessante e pertinente. Não consegui fazê-la, talvez porque a pretensa "profundidade filosófica" do filme me irritou. Como o discurso explícito é furado, não vi o discurso implícito. Será? Por outro lado, não sinto - ainda - a menor vontade de revê-lo, como acontece como Tempestade de gelo, este sim, uma pequena obra-prima.
De: Marcia Colenetz
Não assisti ao filme ainda e só vou assistir quando chegar na locadora. Mas queria saber se vc não vai criticar (o que você faz de melhor porque entrei sem querer e até agora não vi você falar bem de um filme, e não me vem com esse papo de que tu não fala bem porque não tem filme bom, porque tem sim, tu que não vê) sobre o filme Homem de família.
De: Gerbase
Depois de ver o trailer e o cartaz, fiquei com uma péssima impressão, mas posso estar enganado. Quando sair em vídeo, talvez possa te falar alguma coisa.
De: Fábio Rubenich
Há um sério problema com a seção de cinema da revista VEJA. Há cerca de um ano e meio apenas uma, e somente uma, articulista faz todas as críticas de todos os filmes que estão entrando no circuito. Esta repórter é Isabela Boscov. Acabamos sempre, então, com a opinião de uma pessoa, o que certamente não representa o pensamento da revista.
Então, como é que uma revista que já derrubou um presidente e está devastando com a vida de vários senadores da falcatrua organizada não tem credibilidade? Acho que o problema teu, Gerbase, com a VEJA, é meramente pessoal. Tu não deve ter gostado quando eles te chamaram de corneteiro, nas últimas eleições para governador. Não foi isso?
De: Gerbase
Não. A Veja faz campanha sistemática, há vários anos, contra o cinema brasileiro. Além disso, para mim, a extrema padronização dos textos, em todas as seções, é irritante. Certamente existem excelentes profissionais trabalhando na revista, e de vez em quando eles conseguem fazer uma boa matéria, mas isso não é suficiente para retirar o caráter conservador e arrogante da Veja. Eles me chamaram de "marqueteiro", e não de "corneteiro". Normal. Nada contra. Mas a colunista Isabela Boscov (a quem não conheço, mas imagino que tenha a mesma liberdade de opinar que eu tenho aqui no Terra), também já escreveu algumas coisas bastante maldosas sobre o cinema brasileiro.
De: John Donovan
Antes de tudo gostaria de dizer que leio suas críticas todas as semanas e discordo na maioria das vezes :) que seria uma coisa boa ao meu ver por que quase sempre as suas críticas acrescentam algo de novo á minha opinião sobre o filme. Mas vamos ao objetivo desse e-mail. Quando comecei a ler sua crítica da semana e vi as desculpas por causa do Festival de Santa Maria da Feira fiquei animado. Primeiro por que minha mãe participou do festival desse ano e eu queria saber se você viu o filme dela, para quem sabe dar suas idéias, opiniões e impressões. O filme dela é Brennand - De Ovo Omnia, o nome dela Liz Donovan. Você foi para lá pra apresentar o Tolerância?
De: Gerbase
Gostei muito do filme da sua mãe. É difícil fazer um documentário ao mesmo tempo informativo e emocionante sobre artes plásticas, e ela conseguiu. Eu estava em Portugal para acompanhar o Tolerância, e foi uma ótima experiência. Até mais.
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A corrente do bem (EUA, 2000). De Mimi Leder
Carlos
Gerbase é
jornalista e trabalha na área audiovisual, como roteirista e diretor.
Já escreveu duas novelas para a Terra Networks (A
gente ainda nem começou e "Fausto").Em 2000, lançou
seu terceiro longa-metragem, Tolerância,
com Maitê Proença e Roberto Bomtempo.
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