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Uma das coisas interessantes da Internet é que ela permite romper aquela barreira autoritária entre o crítico (escritor) e o público (leitor). Considerando a avalanche de críticas à minha crítica do filme Arquivo-X, achei que era minha obrigação responder a pelo menos algumas delas, fazendo minha meta-meta-crítica de um filme que, pensando bem, também é um meta-filme (já que baseado numa série de TV), com um enredo que beira a meta-conspiração (se entendi um pouco do enredo, há uma conspiração humana dentro de uma alienígena, ou é contrário, mas não faz diferença). Resumindo: nada como um bate-boca meio metido pra animar a galera. Tive que cortar e/ou resumir as mensagens (aproveitando para retirar as ofensas mais pessoais), mas espero ter mantido o essencial. O leitor "Uka" escreveu: "Saiu uma revista que explica todos as dúvidas que você apontou em sua coluna de cinema no ZAZ. Talvez até seja como você escreveu, a teoria da enrolação, para quem não acompanha a série (como você mesmo reconhece!), mas querer comparar com Perdidos no Espaço! Cada um cada um, mas acho que nada a ver!" E eu escrevo: Não sou obrigado a ler uma revista para entender um filme. Ou ver uma série de TV para ir ao cinema. A quem interessa essa "venda casada"? Obviamente, aos produtores da coisa toda, que lucram em vários veículos ao mesmo tempo. Como estratégia de marketing, pode ser ótimo, mas cinema não é marketing, graças a São Lumière. Quanto à minha admiração por "Perdidos no Espaço", realmente, você tem toda a razão: cada um, cada um, mas acho que nada a ver. O leitor "Melk" escreveu: "Se tudo o que víssemos tivesse que ter uma simples razão, não seria negar a própria natureza do mais esperto ou do gênio, aquele que vê onde o resto já insistiu em olhar e não encontrou?" E eu escrevo: Tudo bem, não sou gênio nem fui esperto o suficiente para ver o que deveria ter visto (e que não tem explicação lógica), mas exigir que o espectador de um filme como "Arquivo X" seja um gênio não é pedir demais? O leitor André escreveu: "Gostaria de saber: como uma pessoa que não sabe da missa a metade, pode falar a respeito de uma série que ela não conhece?" E eu escrevo: O criador da série "Arquivo X", Chris Carter, declarou que não era preciso conhecer a série para entender o filme. O próprio ZAZ reafirmou esse fato. Por isso, apesar de ignorante, resolvi ver o filme e escrever sobre ele. Eu fiz uma crítica ao filme, e não à série. Não tentei ensinar a missa ao padre. Mas notei que o sermão tava meio enrolado. O leitor "Gambit" escreveu: "O filme foi feito para os fãs! Milhares de fãs pelo mundo! Um idiota que se considera crítico... Aliás, profissão ingrata essa! Querer por opinião nas cabeças dos outros! Prefiro limpar privada! (...) Vai assistir Titanic então... idiota!" E o idiota escreve: Alô, Gambit. Como andam as privadas? Eu limpei várias, quando servi ao glorioso Exército Brasileiro, e confesso que não gostei muito. Prefiro bem mais escrever uma crítica honesta do Arquivo X e causar a fúria de milhares de fãs pelo mundo todo. E tenho que confessar: me diverti mais vendo Titanic que Arquivo-X. (Mas, por mim, os dois podiam afundar gloriosamente juntos). O leitor Alexsandro escreveu: "Com certeza, se V.S. comentasse a respeito de Star Trek, diria que o filme é uma "pilhada", porque trata-se de uma viagem espacial impossível de acontecer... Com certeza, não foi apenas na cena do beijo que ficaste boiando, pois a afirmação de que a agente Scully é sensual como uma gelatina foi, com o perdão da expressão... escrota. Talvez você jogue no time daqueles que acham que a atriz mais sensual de Hollywood é Keanu Reeves." E eu escrevo: A viagem espacial de Star Trek é absolutamente verossímil, plenamente lógica e, quase sempre, didaticamente explicada em cada começo de filme, de modo que qualquer idiota da platéia entende o que aqueles caras estão fazendo dentro daquela nave. Não há qualquer "pilhada" nos enredos de Star Trek; pelo contrário: os desafios são sempre vencidos pela racionalidade dos tripulantes. Quanto à sensualidade da agente Scully, devo dizer que jamais comparei-a a gelatina, e sim a um pote de geléia. E mantenho minha afirmação: ela é tão sensual quanto um pote de geléia. E muito menos sensual que uma boa gelatina. Falando nisso, você acha mesmo que o Reeves é mais sensual que um patê de fígado? A leitora Karen escreveu: "O pior, na minha opinião, é que o Sr. Carlos Gerbase nem tentou assistir um epi sequer antes de começar a apedrejar o longa... Nem sabe que aquela cena do beijo já um cult! E finalizando... um pote de geléia pode ser muito sexy se bem utilizado... com muita criatividade e ousadia... Deveria acordar pra vida e tentar Sr. Carlos... Karen." E eu escrevo: Muito bem... Karen... Então... Com todo o respeito... Na minha cozinha... Ou na sua? Até mais, excers. E saibam que, na verdade, tudo o que escrevi foi manipulado através de um chip instalado na minha cabeça quando eu era pequeno. Não tenho culpa de nada. Um abraço para todos, Gerbase (E o pior é que já vi
um disco- voador. De verdade. Tô falando sério! Um dia eu conto tudo pra
Scully...)
Carlos
Gerbase é jornalista e trabalha na área audiovisual, como
roteirista e diretor. Já escreveu duas novelas para o ZAZ (A
gente ainda nem começou e Fausto)
e atualmente prepara o seu terceiro longa-metragem para cinema, chamado
"Tolerância".
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